Em 2025, um caso envolvendo uma trabalhadora venezuelana e a empresa BRF ganhou destaque no cenário jurídico. O episódio trouxe à tona discussões sobre direitos trabalhistas, saúde da gestante no ambiente de trabalho e responsabilidades das empresas diante de situações emergenciais. O Tribunal responsável pelo julgamento analisou detalhadamente as circunstâncias que envolveram o impedimento da funcionária de buscar atendimento médico durante o expediente, o que resultou em consequências graves para ela e para suas filhas gêmeas.
De acordo com os autos, a colaboradora, grávida de gêmeas e no oitavo mês de gestação, apresentou sintomas preocupantes enquanto estava em seu posto de trabalho. Ela relatou dores intensas, náuseas, tontura e dificuldade para respirar. Apesar de insistentes pedidos de socorro feitos à liderança imediata e ao supervisor, a liberação para procurar um hospital foi negada sob a justificativa de que a linha de produção não poderia ser interrompida naquele momento.
Quais são os direitos da gestante no ambiente de trabalho?
A legislação brasileira assegura uma série de garantias à mulher grávida, especialmente no que diz respeito à preservação da saúde da gestante e do bebê. Entre os principais direitos, destacam-se:
- Licença-maternidade de 120 dias, podendo ser estendida em casos específicos;
- Direito a afastamento do trabalho em situações de risco à saúde;
- Prioridade em atendimentos médicos e acesso facilitado a serviços de saúde;
- Estabilidade no emprego desde a confirmação da gravidez até cinco meses após o parto.
Essas garantias visam proteger a integridade física e psicológica da gestante, além de assegurar o desenvolvimento saudável do bebê. O descumprimento dessas normas pode acarretar penalidades para o empregador, incluindo indenizações e outras sanções previstas em lei.
Como a empresa deve agir em situações de emergência médica?
Empresas são obrigadas a manter protocolos de segurança e saúde ocupacional, especialmente em ambientes industriais ou de risco. Em situações de emergência médica, como a apresentada no caso da BRF, a conduta recomendada inclui:
- Encaminhar imediatamente o trabalhador ao serviço médico interno ou externo;
- Acionar profissionais de saúde habilitados para avaliação e atendimento;
- Registrar o ocorrido e garantir o acompanhamento do caso;
- Respeitar a decisão do trabalhador em buscar atendimento externo, se necessário.
No episódio analisado, ficou comprovado que a funcionária não teve acesso ao Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho da empresa. Profissionais de saúde do local relataram que não foram acionados, e o protocolo interno não foi seguido conforme exigido pelas normas de segurança do trabalho.
Quais as consequências jurídicas em casos de emergência no trabalho?
Quando uma empresa deixa de garantir o direito à saúde do trabalhador, especialmente em situações de gestação, pode ser responsabilizada judicialmente. As consequências incluem:
- Pagamento de indenização por danos morais e materiais;
- Fiscalização por órgãos competentes, como o Ministério do Trabalho;
- Obrigação de revisar e aprimorar protocolos internos de saúde e segurança;
- Possibilidade de ações civis públicas movidas por entidades de defesa dos direitos humanos e trabalhistas.
No caso da BRF, a Justiça rejeitou as alegações da empresa de que não houve negligência, destacando que a funcionária não se recusou a receber atendimento, mas sim foi impedida de buscar socorro externo. Imagens de câmeras de segurança e depoimentos de testemunhas confirmaram que o parto ocorreu dentro das dependências da empresa, contrariando a versão apresentada pela defesa.

O que este caso representa para o mercado de trabalho brasileiro?
Situações como a relatada reforçam a importância do cumprimento rigoroso das normas de segurança e saúde no trabalho, especialmente para gestantes. O episódio serve de alerta para empresas de todos os setores sobre a necessidade de treinar lideranças, garantir acesso rápido a serviços médicos e respeitar os direitos fundamentais dos trabalhadores. A atenção a esses aspectos não apenas previne litígios judiciais, mas também contribui para um ambiente de trabalho mais seguro e humanizado.