O azeite de oliva produzido no Brasil vem ganhando destaque internacional nos últimos anos, especialmente com o reconhecimento de marcas nacionais em premiações de grande prestígio. Um exemplo marcante é o azeite Sabiá, originário de Santo Antônio do Pinhal, no interior de São Paulo, que conquistou o título de melhor azeite do mundo no guia Flos Olei 2025. Esse feito evidencia a evolução da olivicultura brasileira e o potencial do país para competir com tradicionais produtores europeus.
A trajetória do azeite Sabiá começou em 2014, quando Bob Vieira da Costa e Bia Pereira decidiram investir no cultivo de oliveiras. O início foi marcado por desafios típicos de quem ingressa em um novo segmento agrícola, mas a dedicação do casal resultou em uma produção que, a partir de 2020, passou a ser comercializada e reconhecida por sua qualidade. Em apenas cinco safras, o azeite já acumula cerca de 160 prêmios internacionais, consolidando-se como referência no setor.
Quais são os principais desafios para a produção de azeite no Brasil?
Produzir azeite de oliva em território brasileiro envolve superar obstáculos climáticos consideráveis. O clima do Brasil, predominantemente tropical e subtropical, exige adaptações para o cultivo das oliveiras, que necessitam de períodos de frio para garantir uma boa floração e frutificação. Segundo especialistas, são necessárias pelo menos 300 horas anuais com temperaturas abaixo de 12 graus Celsius para que as árvores entrem em dormência e, posteriormente, produzam frutos de qualidade.
Em anos com inverno menos rigoroso, a produção pode ser significativamente afetada, reduzindo o volume de azeitonas e, consequentemente, de azeite extraído. Além disso, o período de colheita é bastante restrito, concentrando-se nos primeiros meses do ano, o que demanda uma logística eficiente e uma equipe reforçada para garantir que as azeitonas sejam colhidas no ponto ideal de maturação.

Como funciona o processo de colheita e produção do azeite Sabiá?
A colheita das azeitonas é um dos momentos mais importantes da produção do azeite Sabiá. Durante a maior parte do ano, o pomar é mantido por uma equipe reduzida, mas no período da colheita, que ocorre entre janeiro e março, até 50 pessoas são mobilizadas para garantir agilidade e qualidade no processo. A rapidez é fundamental, pois as azeitonas precisam ser processadas logo após serem colhidas para preservar suas características sensoriais.
- Seleção manual: As azeitonas são colhidas manualmente para evitar danos aos frutos.
- Transporte imediato: Após a colheita, os frutos são levados rapidamente ao lagar para extração do azeite.
- Extração a frio: O processo de extração é realizado a baixas temperaturas, preservando aromas e sabores.
- Armazenamento controlado: O azeite é armazenado em tanques de aço inoxidável, protegidos da luz e do calor.
Esses cuidados garantem que o produto final mantenha alta qualidade, refletida tanto no aroma quanto no sabor, além de preservar as propriedades nutricionais do azeite extra virgem.
Como é feita a classificação dos azeites e quais são os critérios utilizados?
A classificação do azeite de oliva leva em conta diversos fatores sensoriais e químicos. Entre os principais critérios estão a intensidade do aroma, o sabor e a presença de características como amargor e picância. O azeite pode ser classificado como suave, médio ou intenso, dependendo do perfil do fruto e do processo de extração.
- Suave: Aroma delicado, baixo amargor e picância, indicado para pratos leves.
- Médio: Equilíbrio entre aroma frutado e intensidade de sabor, versátil para diferentes preparações.
- Intenso: Aroma marcante, sabor mais pronunciado, ideal para harmonizar com alimentos de sabor forte.
Além disso, especialistas avaliam a complexidade do azeite, identificando notas de frutas, tomate e outros elementos que enriquecem a experiência sensorial. A pontuação em concursos internacionais, como o Flos Olei, é resultado de degustações criteriosas realizadas por jurados experientes.