O Nordeste do Brasil pode em breve contar com uma companhia aérea estatal dedicada a voos entre seus nove estados. Essa iniciativa visa conectar cidades do interior às capitais e destinos turísticos, impulsionando a economia regional. A proposta surge em resposta à retração da aviação regional no país, acentuada pela concentração do mercado e pela suspensão de rotas menos lucrativas.
A ideia foi apresentada pelo ministro do Turismo, Celso Sabino, que mencionou a possibilidade de uma parceria com o Consórcio Nordeste. Essa autarquia interestadual reúne todos os governadores da região e busca soluções para promover o desenvolvimento econômico local. A proposta foi divulgada durante o Visit Brasil Summit, realizado no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro.
Qual é o cenário atual da aviação regional no Nordeste?
O setor aéreo nacional está passando por uma reconfiguração significativa. A possível fusão entre as companhias Azul e Gol pode reduzir ainda mais a concorrência, impactando diretamente a oferta de voos regionais. Cidades de porte médio no Nordeste estão perdendo conexões, enquanto destinos turísticos menores enfrentam dificuldades para manter voos regulares.
Atualmente, operam na região empresas como MAP Linhas Aéreas, Azul Conecta e Abaeté Linhas Aéreas, que atendem principalmente cidades do interior e regiões turísticas. No entanto, a rentabilidade limitada e a concentração de mercado afetam a viabilidade dessas rotas, tornando a proposta de uma companhia aérea regional ainda mais relevante.
Quais são os desafios e incentivos para a criação da companhia aérea?
A criação de uma companhia aérea regional estatal enfrenta desafios significativos, incluindo altos custos operacionais e a necessidade de um modelo de gestão eficiente. No entanto, o Nordeste oferece condições favoráveis que podem facilitar essa iniciativa. Os estados da região proporcionam incentivos fiscais, como a redução do Imposto de Renda de Pessoa Jurídica (IRPJ) e ICMS sobre combustível, que podem tornar o projeto mais viável.
Esses benefícios fiscais ajudam a atrair operações regionais e podem reduzir os custos operacionais, tornando a proposta menos onerosa em comparação com outras regiões do país. Além disso, a conectividade e o turismo regional são prioridades para o Consórcio Nordeste, que busca promover a integração e o desenvolvimento econômico da região.

Como a infraestrutura pode influenciar a aviação regional?
O governo federal planeja novas rodadas de concessão de aeroportos para modernizar terminais regionais e melhorar a infraestrutura. Esses investimentos visam ampliar a atratividade para companhias aéreas e contribuir para a recuperação da malha aérea regional nos próximos anos. A modernização dos aeroportos pode facilitar a operação de uma nova companhia aérea regional, melhorando a conectividade entre cidades turísticas e capitais.
Historicamente, o Nordeste já teve uma companhia aérea regional de grande porte, a Nordeste Linhas Aéreas, que operou até 2003. A proposta atual resgata a importância da aviação como vetor de desenvolvimento econômico e turístico, destacando a necessidade de alternativas para manter a conectividade da região.
O que o futuro reserva para a aviação regional no Nordeste?
A criação de uma companhia aérea regional estatal no Nordeste ainda é uma proposta em discussão, mas destaca a urgência de soluções para a conectividade aérea na região. A execução da proposta depende de estudos aprofundados e de consenso entre os estados-membros do consórcio. Se implementada, a iniciativa pode fortalecer o turismo e a economia regional, promovendo o desenvolvimento sustentável do Nordeste.