O câncer de próstata é uma das principais causas de morte entre homens, especialmente no Reino Unido, onde cerca de 12 mil homens morrem anualmente devido à doença. Recentemente, avanços em testes genéticos têm oferecido novas perspectivas para o diagnóstico precoce, permitindo a identificação de indivíduos com maior risco de desenvolver tumores agressivos. Esses testes, que analisam mutações no DNA, têm o potencial de transformar a abordagem atual de rastreamento da doença.
O exame de saliva, que busca por 130 mutações genéticas associadas ao câncer de próstata, é uma das inovações mais promissoras. Embora ainda não esteja comprovado que esses testes genéticos salvem vidas, eles têm sido fundamentais para identificar tumores que poderiam passar despercebidos com os métodos tradicionais. O estudo publicado na revista New England Journal of Medicine destacou que, entre os homens testados, muitos foram diagnosticados com câncer de próstata em estágios que não seriam detectados por exames convencionais.
É mais fácil fazer teste de saliva que o de sangue?
Os testes genéticos para câncer de próstata não procuram sinais diretos da doença, mas sim mutações no DNA que podem indicar um risco aumentado. No estudo, homens entre 55 e 69 anos foram avaliados, e aqueles com maior pontuação de risco foram submetidos a exames adicionais, como biópsias e ressonâncias magnéticas. Esses procedimentos ajudaram a identificar tumores agressivos que necessitavam de tratamento imediato.
Um dos casos mais notáveis foi o de Dheeresh Turnbull, que descobriu estar em alto risco mesmo sem histórico familiar da doença. Graças ao teste, ele e seu irmão foram diagnosticados precocemente, o que potencialmente salvou suas vidas. Essa história ilustra o impacto positivo que os testes genéticos podem ter na detecção precoce do câncer de próstata.

O teste de saliva é completamente seguro?
Apesar dos avanços, os testes genéticos ainda enfrentam desafios significativos. Especialistas como Dusko Ilic, da Universidade King’s College London, apontam que, embora promissores, esses testes melhoram a detecção apenas modestamente quando combinados com fatores de risco tradicionais, como idade e exames PSA. Além disso, ainda não há evidências concretas de que esses testes melhorem a sobrevida ou a qualidade de vida dos pacientes.
Outro desafio é a adaptação dos testes para diferentes grupos étnicos. A pesquisa atual se concentra principalmente em indivíduos de ascendência europeia, mas é sabido que homens negros têm um risco duas vezes maior de desenvolver câncer de próstata. Portanto, há um esforço contínuo para adaptar os testes a populações diversas.
Vai ser mais barato que o exame de sangue?
O futuro dos testes genéticos no rastreamento do câncer de próstata parece promissor, mas ainda há um longo caminho a percorrer. O estudo Transform, que busca integrar esses testes ao sistema de saúde do Reino Unido, está explorando a melhor forma de introduzir o rastreamento genético. Especialistas acreditam que, embora este seja um marco significativo, a implementação clínica ainda levará anos.
Michael Inouye, da Universidade de Cambridge, destaca que o uso da genética para avaliar o risco de câncer é um grande passo, mas ressalta que questões como custo-benefício e o momento ideal para a análise de risco ainda precisam ser resolvidas. Assim, enquanto os testes genéticos oferecem uma nova esperança, é essencial continuar a pesquisa para garantir que eles sejam usados de forma eficaz e segura no futuro.