A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) anunciou uma mudança significativa na regulamentação da venda de medicamentos de tarja vermelha. Esta decisão, que será efetivada 60 dias após sua publicação no Diário Oficial da União, altera a Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) 471/2021. A nova medida visa reforçar o controle sobre a prescrição e venda desses medicamentos, que atualmente podem ser adquiridos sem receita médica, apesar da exigência formal.
O Conselho Federal de Medicina (CFM) manifestou apoio à decisão da Anvisa, destacando a importância de um controle mais rigoroso. Os diretores da Anvisa enfatizaram a necessidade de proteger a população do uso inadequado de medicamentos, especialmente aqueles conhecidos como “canetas emagrecedoras”. Esses produtos, originalmente desenvolvidos para tratar diabetes, têm sido amplamente utilizados para perda de peso, o que levanta preocupações sobre seu uso indiscriminado.
O desafio do controle de medicamentos para obesidade
A obesidade é um problema de saúde global que afeta mais de um bilhão de pessoas em todo o mundo. No Brasil, 56% dos adultos estão acima do peso ou são obesos. A doença é complexa, envolvendo fatores genéticos, sociais, culturais, econômicos e ambientais. Além disso, a obesidade está associada a várias complicações de saúde, como diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares.
Estudos recentes indicam que medicamentos para perda de peso estão alcançando resultados comparáveis aos da cirurgia bariátrica. No entanto, a disponibilidade limitada de opções farmacológicas eficazes para tratar a obesidade torna o controle e a regulamentação desses medicamentos ainda mais críticos.
Como funcionam os inibidores de apetite?
Os inibidores de apetite, como a semaglutida e a liraglutida, foram inicialmente desenvolvidos para o tratamento do diabetes. Contudo, pesquisas revelaram que eles também promovem a perda de peso significativa. Esses medicamentos podem resultar em uma redução de até 17% da massa corporal em um ano. Apesar disso, o uso sem supervisão médica pode acarretar riscos à saúde.
A semaglutida, presente em medicamentos como Ozempic e Wegovy, atua substituindo a ação do hormônio GLP1, que é produzido no intestino. Ela age em várias partes do corpo, incluindo o hipotálamo, o fígado e o pâncreas, para controlar a saciedade, reduzir a produção de glicose e estimular a produção de insulina.

Quais são os riscos e efeitos colaterais?
Embora eficazes, as “canetas emagrecedoras” podem causar efeitos colaterais, principalmente no sistema gastrointestinal. Náuseas e vômitos são comuns, o que leva algumas pessoas a associarem a perda de peso a esses sintomas. Outros efeitos incluem diarreia, constipação, gastrite, refluxo, dor abdominal e de cabeça, entre outros.
Um efeito colateral grave, mas raro, é a pancreatite, que pode afetar até 1 em 100 pessoas. A bula dos medicamentos alerta para esse risco, especialmente em pacientes com histórico da doença. Além disso, o uso inadequado pode levar ao reganho de peso e a comportamentos compulsivos, conforme alertado por especialistas.
Quem deve evitar o uso de canetas emagrecedoras?
As canetas emagrecedoras são contraindicadas para pessoas com alergia a qualquer componente do medicamento, histórico de pancreatite ou câncer de tireoide. Grávidas e lactantes também devem evitar o uso. É crucial que esses medicamentos sejam utilizados sob supervisão médica para minimizar riscos e garantir a segurança do paciente.
Em suma, a decisão da Anvisa visa reforçar a segurança e o uso responsável de medicamentos de tarja vermelha, especialmente aqueles utilizados para emagrecimento. A medida busca proteger a saúde pública e garantir que esses medicamentos sejam utilizados de forma adequada e segura.