Em uma decisão recente, o Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3) permitiu que uma trabalhadora de 38 anos utilizasse o saldo do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para financiar um tratamento de fertilização in vitro. Esta decisão inovadora reflete uma interpretação mais ampla das condições que permitem o saque do FGTS, além das doenças graves listadas oficialmente.
A trabalhadora comprovou sofrer de infertilidade primária e baixa reserva ovariana, condições que dificultam a gravidez natural. O tribunal considerou que, nesses casos, o uso do FGTS é uma forma de assegurar direitos fundamentais, como saúde e dignidade, expandindo o entendimento tradicional sobre as condições de saque do fundo.
Condições tradicionais para saque do FGTS

O FGTS foi criado em 1966 com o objetivo de ser sacado em situações específicas, como demissão sem justa causa ou para aquisição de moradia. No entanto, ao longo dos anos, as regras foram sendo flexibilizadas. Em 1994, o saque foi permitido para casos de câncer, e desde então, outras condições foram incluídas, como doenças graves e situações de calamidade pública.
Atualmente, a Caixa Econômica Federal lista várias condições de saúde que permitem o saque do FGTS, incluindo:
- HIV positivo
- Câncer
- Doenças em estágio terminal
- Doenças mentais graves
- Problemas cardíacos severos
- Cegueira
- Contaminação por radiação
- Doença de Parkinson
- Hanseníase
- Doenças hepáticas graves
- Insuficiência renal grave
- Paralisia incapacitante
- Tuberculose ativa
Impacto da decisão do TRF-3
A decisão do TRF-3 é significativa porque amplia o entendimento sobre o uso do FGTS em situações de saúde não previstas explicitamente. Segundo especialistas, a jurisprudência tem evoluído para permitir o saque do fundo em casos que, embora não listados, afetam significativamente a qualidade de vida dos trabalhadores.
A Caixa Econômica Federal recorreu da decisão, argumentando que a situação não se enquadra nas hipóteses legais. No entanto, o tribunal manteve a decisão, o que pode abrir precedentes para que outros trabalhadores em situações semelhantes busquem o mesmo direito.
O futuro do FGTS em tratamentos de saúde
O caso recente pode influenciar futuras decisões judiciais, incentivando uma revisão das políticas atuais sobre o saque do FGTS. A flexibilização das condições de saque permite que trabalhadores em situações complexas acessem recursos que já lhes pertencem, promovendo uma maior proteção social.
Com a ampliação das condições para saque, espera-se que mais trabalhadores possam reivindicar seus direitos, especialmente em casos onde a saúde e a dignidade estão em risco. Esta tendência pode levar a uma revisão das políticas atuais, garantindo que o FGTS seja um recurso acessível para aqueles que enfrentam desafios de saúde significativos.