Houthis. Créditos: depositphotos.com / gints.ivuskans
O Iêmen, um país situado na Península Arábica, tem sido palco de um conflito devastador que se estende por mais de uma década. Este conflito envolve múltiplos atores, incluindo o grupo rebelde conhecido como Houthis, que emergiu como uma força significativa na região. A situação no Iêmen é complexa, com raízes em questões políticas, religiosas e geopolíticas, e tem atraído a atenção internacional devido às suas implicações humanitárias e de segurança.
Os Houthis, originários do norte do Iêmen, são parte de uma minoria muçulmana xiita chamada zaidita. O grupo ganhou notoriedade em 2014, quando tomou a capital, Sanaa, forçando o governo reconhecido internacionalmente a buscar refúgio no sul do país. Desde então, o conflito se intensificou, envolvendo uma coalizão liderada pela Arábia Saudita e apoiada por países ocidentais, como os Estados Unidos e o Reino Unido.
Quem são os Houthis?
Os Houthis surgiram no cenário político iemenita na década de 1990, inicialmente como um movimento de resistência contra o governo do então presidente Ali Abdullah Saleh. O grupo foi fundado por Houssein al Houthi e é conhecido por suas fortes declarações contra os Estados Unidos e Israel, alinhando-se ao “Eixo de Resistência” liderado pelo Irã. Este eixo inclui outras organizações como o Hezbollah no Líbano e o Hamas na Palestina.
Com o passar dos anos, os Houthis expandiram sua influência, especialmente após a invasão do Iraque em 2003. Eles se posicionaram como defensores dos direitos dos xiitas no Iêmen e buscaram estabelecer um governo que refletisse suas crenças religiosas e políticas. A relação próxima com o Irã tem sido um ponto de contenção, levando a acusações de que o grupo recebe apoio militar e financeiro de Teerã.
Como os Houthis afetam o transporte marítimo global?
O conflito no Iêmen tem repercussões que vão além das fronteiras do país, afetando significativamente o transporte marítimo global. Em outubro de 2023, os Houthis começaram a atacar navios militares e comerciais em rotas estratégicas, como o Estreito de Bab al-Mandab e o Golfo de Áden. Essas rotas são cruciais para o comércio internacional, ligando a Ásia à África e ao Oriente Médio.
Os ataques dos Houthis a embarcações de Israel e seus aliados, incluindo os Estados Unidos e o Reino Unido, foram uma resposta à guerra entre o Hamas e Israel. Esses ataques não apenas interromperam o comércio, mas também aumentaram os custos de seguro e segurança para as embarcações que transitam pela região, resultando em bilhões de dólares em perdas para a economia global.

Quais são as implicações humanitárias do conflito?
A guerra no Iêmen é considerada pela ONU como a pior crise humanitária do mundo. Mais de 4,5 milhões de pessoas foram deslocadas internamente, e cerca de 80% da população vive na pobreza. As crianças são as mais afetadas, com aproximadamente 11 milhões necessitando de assistência urgente. A infraestrutura do país está em ruínas, e a falta de acesso a alimentos, água potável e serviços de saúde exacerba a situação.
Os esforços internacionais para mediar um cessar-fogo têm sido complicados pela dinâmica regional e pelas rivalidades entre potências como a Arábia Saudita e o Irã. A recente interrupção da ajuda humanitária a Gaza por Israel, em um esforço para pressionar o Hamas, levou os Houthis a ameaçar retomar os ataques, destacando a fragilidade do cessar-fogo e a complexidade das negociações de paz.
O papel dos Estados Unidos e a pressão sobre o Irã
Os Estados Unidos têm desempenhado um papel significativo no conflito, tanto diretamente quanto por meio de apoio à coalizão liderada pela Arábia Saudita. Sob a administração de Joe Biden, os EUA realizaram ataques aéreos contra os Houthis, com o objetivo de proteger o transporte marítimo e restaurar a liberdade de navegação na região.
Além disso, os EUA têm buscado pressionar o Irã, que é acusado de apoiar os Houthis. Sanções foram impostas ao Irã como parte de uma campanha de “pressão máxima”, com o objetivo de conter suas atividades nucleares e influenciar seu comportamento na região. A designação dos Houthis como uma “organização terrorista estrangeira” também visa restringir o apoio ao grupo e isolar ainda mais o Irã no cenário internacional.