Cérebros. Créditos: depositphotos.com / HayDmitriy.
O estudo do cérebro humano sempre foi um desafio devido à sua complexidade e à dificuldade de acesso. No entanto, avanços na biotecnologia estão permitindo que pesquisadores desenvolvam minicérebros em laboratório, oferecendo novas oportunidades para entender o funcionamento cerebral. Essa inovação é especialmente relevante para o estudo de condições neurológicas, como o autismo.
Alysson Muotri, um brasileiro, renomado pesquisador da Universidade da Califórnia em San Diego, está na vanguarda dessa pesquisa. Motivado por experiências pessoais, ele busca melhorar a qualidade de vida de pessoas com autismo e outras condições neurológicas. Seu trabalho envolve a reprogramação celular para criar minicérebros, que são modelos em miniatura do cérebro humano, permitindo estudos detalhados sem os riscos associados à intervenção direta no cérebro humano.
Como os cérebros são criados?
O processo de criação dos minicérebros começa com a coleta de células de crianças autistas. Através de um projeto inovador chamado “Fada do Dente”, as células são extraídas da polpa dos dentes de leite. Essas células são então geneticamente reprogramadas para se tornarem células cerebrais, que se desenvolvem em laboratório de maneira semelhante ao desenvolvimento natural no útero.
Esses minicérebros oferecem uma janela única para estudar o desenvolvimento cerebral e testar novos tratamentos. A pesquisa de Muotri já identificou medicamentos que ajudam a melhorar a manutenção das redes neurais, potencialmente reduzindo problemas comportamentais associados a condições neurológicas.

Pesquisa de cérebros no espaço
Um aspecto fascinante da pesquisa de Muotri é o uso do espaço como um ambiente de estudo. Os minicérebros são enviados para a Estação Espacial Internacional, onde o envelhecimento acelerado dos órgãos em microgravidade permite que os pesquisadores observem rapidamente os efeitos do tempo em tecidos cerebrais. Isso é particularmente útil para estudar doenças como o Alzheimer, que normalmente levariam décadas para se desenvolver na Terra.
Essa abordagem inovadora não só acelera a pesquisa, mas também abre novas possibilidades para entender como o ambiente espacial afeta o cérebro humano, contribuindo para o desenvolvimento de tratamentos mais eficazes para doenças neurológicas.
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O futuro da inteligência de organoides
Além de estudar doenças, a pesquisa de Muotri explora o potencial dos minicérebros como uma forma de inteligência de organoide. Essa ideia sugere que minicérebros poderiam, eventualmente, complementar ou até substituir a inteligência artificial em certas aplicações. A possibilidade de criar um modelo de cérebro humano consciente levanta questões éticas e científicas significativas, mas também promete avanços na compreensão e tratamento de condições neurológicas.
Muotri acredita que, apesar dos desafios, o desenvolvimento de minicérebros conscientes pode trazer benefícios significativos para milhões de pessoas. A pesquisa continua a avançar rapidamente, prometendo transformar nossa compreensão do cérebro humano e abrir novas fronteiras na medicina e na tecnologia.