A crescente importação de veículos elétricos e híbridos da China para o Brasil tem gerado preocupações significativas entre as entidades do setor automotivo. Organizações como a Anfavea e o Sindipeças têm manifestado suas apreensões sobre as consequências dessa tendência para a indústria local. A principal preocupação é o potencial impacto negativo sobre a cadeia produtiva nacional, uma vez que a importação massiva pode desestimular investimentos na produção local.
O Sindipeças, que representa a indústria de componentes automotivos, destacou recentemente o risco que essa importação sem precedentes representa. Em uma nota divulgada, a associação solicitou ao governo a recomposição das alíquotas do Imposto de Importação para veículos elétricos e híbridos, argumentando que a medida é necessária para proteger a indústria nacional. A alíquota, que atualmente é de 18% para elétricos, 20% para híbridos plug-in e 25% para híbridos, está prevista para retornar ao patamar de 35% em 2026.
Por que a importação de veículos chineses preocupa o setor automotivo?
A chegada de veículos chineses em grande quantidade, como exemplificado pelo desembarque de mais de 5.500 carros da BYD no Espírito Santo, acendeu um alerta entre as entidades do setor. De acordo com dados da Anfavea, há atualmente cerca de 42,8 mil veículos eletrificados chineses aguardando compradores em portos e concessionárias brasileiras. Essa situação, segundo o Sindipeças, pode levar a um desequilíbrio no mercado local, além de desincentivar a produção nacional desses veículos.
Além disso, as montadoras chinesas têm planos de estabelecer linhas de produção no Brasil, mas o modelo fabril que pretendem adotar ainda não está claro. Há uma expectativa de que o índice de nacionalização dos componentes seja baixo nos primeiros anos, o que pode resultar em tarifas mais altas para essas empresas. Isso levanta dúvidas sobre o real impacto positivo que essas fábricas podem ter na cadeia de fornecedores locais.

Como o Brasil está respondendo a essa situação?
O governo brasileiro tem sido pressionado a tomar medidas para proteger a indústria automotiva nacional. A recomposição gradual das alíquotas de importação é uma dessas medidas, mas ainda há um caminho a percorrer até que as tarifas retornem ao nível de 35%. Enquanto isso, as montadoras chinesas continuam a acelerar suas importações para aproveitar as tarifas mais baixas.
Por outro lado, a instalação de fábricas no Brasil por empresas como BYD e GWM pode trazer benefícios a longo prazo, desde que haja um compromisso com a nacionalização de componentes e o desenvolvimento da cadeia produtiva local. O sucesso dessa estratégia dependerá da capacidade das montadoras de integrar-se ao mercado brasileiro e de contribuir para o fortalecimento da indústria automotiva nacional.
Quais são as perspectivas futuras para o setor automotivo brasileiro?
O futuro do setor automotivo brasileiro em relação à importação de veículos elétricos e híbridos da China é incerto. Se, por um lado, a chegada dessas montadoras pode estimular a economia e gerar empregos, por outro, há o risco de que a dependência de importações prejudique a indústria local. A chave para um desenvolvimento sustentável pode estar na criação de políticas que incentivem a produção local e a inovação tecnológica, garantindo que o Brasil não apenas consuma, mas também produza veículos de ponta.
Em suma, o desafio está em equilibrar a abertura para novas tecnologias e o fortalecimento da indústria nacional, assegurando que o Brasil se mantenha competitivo no cenário automotivo global.