O empréstimo consignado CLT é uma modalidade de crédito que tem gerado debates intensos entre economistas e nas redes sociais. Disponível desde março de 2025, essa linha de crédito permite que trabalhadores sob o regime da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) obtenham empréstimos com desconto direto na folha de pagamento. No entanto, a utilização de 10% do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e 100% da multa rescisória como garantias tem levantado preocupações sobre o aumento do endividamento das famílias.
Até o final de março, os bancos já haviam liberado cerca de R$ 1,3 bilhão nessa nova modalidade de crédito. Economistas, como Gil do Vigor, expressaram preocupações sobre o impacto potencial desse programa na saúde financeira dos trabalhadores, especialmente em casos de demissão. O uso do FGTS como garantia é visto como um risco, pois, em caso de perda de emprego, o trabalhador pode ficar sem recursos financeiros.
Quais são os riscos do crédito consignado CLT?

O crédito consignado CLT apresenta riscos significativos, especialmente para trabalhadores do setor privado que não possuem a estabilidade de servidores públicos. O coordenador do Centro de Estudos de Microfinanças e Inclusão Financeira da FGV, Lauro Gonzalez, destaca que, embora o crédito seja essencial para a economia, ele pode levar ao aumento do endividamento em outras modalidades de crédito. Isso ocorre porque os trabalhadores podem recorrer a outras formas de crédito para complementar suas necessidades financeiras.
Outro ponto de atenção é o prazo de pagamento prolongado do crédito consignado, que compromete a renda dos contratantes por um período mais longo. Além disso, a oferta agressiva de crédito pode levar a contratações desvantajosas e ao superendividamento, especialmente se não houver uma análise financeira adequada.
Como avaliar se o empréstimo é vantajoso?
Antes de contratar um empréstimo consignado CLT, é crucial que o trabalhador analise seu orçamento e avalie se o crédito é a melhor opção para sua situação financeira. O advogado trabalhista Caio Bouckhorny sugere que os trabalhadores comparem as taxas de juros e as condições oferecidas por diferentes instituições financeiras. Além disso, é importante analisar o Custo Efetivo Total (CET) do empréstimo, que inclui todas as taxas e despesas envolvidas na operação.
Utilizar simuladores de empréstimo pode ajudar a calcular o valor das parcelas e o impacto no orçamento. Negociar as condições do empréstimo com a instituição financeira também pode ser uma estratégia eficaz para obter melhores condições.
Quem pode solicitar o novo empréstimo para CLT?
O novo empréstimo consignado está disponível para trabalhadores com carteira assinada, incluindo trabalhadores rurais e domésticos, além de Microempreendedores Individuais (MEIs). A margem consignável é de até 35% do salário, permitindo que os trabalhadores acessem o crédito de forma mais facilitada.
Para solicitar o crédito, o trabalhador deve acessar o aplicativo Carteira de Trabalho Digital, solicitar a proposta de crédito e autorizar o acesso dos bancos aos seus dados. As propostas são enviadas em até 24 horas, permitindo que o trabalhador analise e escolha a melhor oferta disponível.
O que acontece em caso de demissão?
Se o trabalhador for demitido, o valor devido será descontado das verbas rescisórias, respeitando o limite legal de 10% do saldo do FGTS e 100% da multa rescisória. Isso significa que, em caso de desligamento, o trabalhador pode enfrentar dificuldades financeiras adicionais, uma vez que parte de seus recursos será utilizada para quitar o empréstimo.
Portanto, é essencial que os trabalhadores considerem cuidadosamente a necessidade do empréstimo e as possíveis consequências financeiras antes de optar por essa modalidade de crédito.