Candidata eliminada fazia concurso para delegada da PCMG. Foto: Reprodução/PCMG.
Lays Lopes Carneiro Barcelos, uma advogada de 32 anos de Minas Gerais, enfrenta um impasse em sua trajetória profissional. Após ser aprovada em várias etapas de um concurso público para delegada da Polícia Civil de Santa Catarina, sua posse foi barrada por uma decisão judicial. O motivo central foi seu casamento com Guilherme Henrique de Souza do Nascimento Lima, que possui antecedentes criminais por tráfico de drogas. Este caso lança luz sobre a complexa relação entre a vida pessoal dos candidatos e sua aptidão para cargos públicos.
O concurso para delegado em Santa Catarina é conhecido por sua exigência, incluindo etapas como provas objetivas, dissertativas, testes físicos, avaliações psicológicas e de títulos. Lays superou todas essas fases com sucesso. No entanto, durante a investigação social, seu vínculo com Guilherme foi revelado, resultando em sua eliminação. A justificativa da Polícia Civil baseou-se no edital, que requer a análise da idoneidade dos candidatos, considerando suas relações pessoais.
Impacto da vida pessoal na carreira pública
A situação de Lays levanta uma questão fundamental: até que ponto a vida pessoal deve influenciar a elegibilidade para cargos públicos? Lays argumenta que sua eliminação foi injusta, pois não deveria ser responsabilizada pelas ações de seu cônjuge. Ela afirma que o relacionamento começou após sua aprovação no concurso e que desconhecia o histórico criminal de Guilherme. Além disso, ele já havia cumprido sua pena e estava ressocializado.
O caso foi levado ao Tribunal de Justiça de Santa Catarina, onde Lays buscou reverter a decisão da Polícia Civil. Inicialmente, conseguiu uma liminar favorável, mas, em fevereiro de 2025, a decisão foi revertida, mantendo sua eliminação. Lays alega que a decisão fere o princípio da pessoalidade da pena, punindo-a pelo passado de outra pessoa.

Argumentos de defesa da candidata
Lays sustenta que sua eliminação foi baseada em critérios subjetivos, já que o edital não especificava a exclusão de candidatos por seus relacionamentos conjugais. Ela questiona por que sua trajetória acadêmica e profissional não foi considerada. Formada pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, com especialização em ciências penais, Lays tem uma carreira dedicada ao direito penal e à defesa dos direitos fundamentais.
Além disso, Lays participa de projetos sociais, como o Projeto Justiceiras, que apoia vítimas de violência doméstica. Ela também argumenta que seu cônjuge, apesar de seu passado, possui um emprego formal e uma carreira estável, demonstrando sua ressocialização. Guilherme trabalha como gerente de vendas e serviços e ocupa uma posição de liderança na Comissão Interna de Prevenção de Acidentes e de Assédio (CIPA) da empresa onde atua.
Implicações do caso e o futuro de Lays
O caso de Lays Lopes Carneiro Barcelos destaca a complexidade das questões envolvendo a vida pessoal e a carreira profissional em concursos públicos. A decisão final do tribunal pode ter implicações significativas para outros candidatos em situações semelhantes. Enquanto isso, Lays continua a lutar por seu direito de assumir o cargo de delegada, buscando justiça e reconhecimento de sua trajetória profissional e pessoal.
Este caso serve como um lembrete da importância de critérios claros e objetivos nos processos de seleção para cargos públicos, garantindo que os candidatos sejam avaliados de forma justa e equitativa, independentemente de suas relações pessoais.