Em janeiro de 2024, o governo do presidente Javier Milei, da Argentina, implementou alterações significativas no regime de tributação para veículos. Essas mudanças impactaram principalmente os impostos sobre modelos de luxo e veículos eletrificados, como híbridos e elétricos. Desde 2014, o imposto incidente sobre carros considerados premium estava em vigor, mas o novo regime trouxe redução de alíquotas e incentivo à importação de veículos sustentáveis.
Com a atualização, veículos com tabelamento entre 41 milhões e 75 milhões de pesos, que anteriormente pagavam uma taxa de 20%, tiveram suas tarifas zeradas. Para automóveis com preço acima de 75 milhões de pesos, a alíquota foi reduzida de 35% para 18%. Essas alterações visam estimular o mercado e corrigir distorções tributárias, focando em veículos de marcas de luxo e importadoras.
Quais os benefícios para veículos híbridos e elétricos?
Uma das principais mudanças beneficiou os veículos híbridos e elétricos importados. Modelos até o valor de US$ 16 mil agora entram na Argentina com imposto zerado, limitado a um volume de importação de 50 mil unidades por ano. Essa iniciativa promove a adoção de tecnologias mais sustentáveis no setor automotivo, reduzindo custos para o consumidor final.
No segmento de motocicletas, as novas regras também trouxeram vantagens. Modelos cuja tabela se situava entre 15 milhões e 23 milhões de pesos, anteriormente sujeitos a 20% de imposto, agora estão livres dessa tarifa, o que aumenta a competitividade do mercado.
Impacto nas marcas de luxo: Audi, Alfa Romeo e outras
Muitas marcas de luxo já notaram os efeitos positivos das mudanças tributárias, refletindo em preços mais acessíveis ao consumidor. A Audi, por exemplo, reduziu em até 16% o preço final de alguns de seus modelos. O Audi Q3, cujo valor caiu de US$ 72.292 para US$ 61.475, é um dos exemplos de um modelo que se beneficiou do novo regime de impostos.
A Alfa Romeo, com presença histórica na Argentina, também anunciou reduções significativas. O Giulia Quadrifoglio, um dos destaques, teve seu preço ajustado de US$ 229 mil para US$ 189 mil, representando um corte de US$ 40 mil.
Além disso, a Mercedes-Benz ajustou o preço do Mercedes-AMG SL 63 E Performance, resultando na maior redução entre suas ofertas: uma descida de US$ 66 mil, passando de US$ 476 mil para US$ 410 mil.

Como a economia da Argentina influencia o preço dos veículos?
O histórico de inflação na Argentina faz com que muitos preços, principalmente de importados, sejam calculados em dólar. No ambiente de alta inflação, que em 2024 ainda se manteve em 117,8%, muitas marcas foram obrigadas a ajustar suas estratégias de precificação. Em contraste, o mercado automotivo encolheu em quase 8% em comparação com o ano anterior.
Apesar da redução de preços em modelos de luxo, os carros mais populares e acessíveis, como compactos e SUVs de marcas generalistas, não tiveram ajuste na tributação, permanecendo com os mesmos preços. Exemplos como o Peugeot 208 e a Toyota Hilux continuam sendo os mais vendidos, demonstrando que o impacto do novo regime é limitado a segmentos de nicho.
Expectativas futuros e preocupações com o mercado
O governo argentino espera que as recentes mudanças estimulem a demanda por veículos premium e eletrificados, equilibrando o mercado e tornando-o mais dinâmico. Contudo, as grandes reduções de preços estão presentes principalmente em veículos de luxo e de vendas restritas, limitando o impacto nas vendas em larga escala.
Com o mercado fragilizado pela economia desafiadora do país, as alterações no regime de tributação são vistas como um passo estratégico para revitalização do setor, mas seu sucesso dependerá de fatores econômicos mais amplos e das reações dos consumidores no futuro próximo.