Netinho de Paula não foi denunciado, mas é citado na denúncia do MP contra o PCC. Foto: Reprodução/Instagram.
Em um caso que chamou a atenção das autoridades e da sociedade, 12 pessoas foram denunciadas por envolvimento com uma facção criminosa, incluindo lavagem de dinheiro, tráfico e corrupção. Entre os denunciados estão Ademir Pereira de Andrade e oito policiais civis, que supostamente colaboravam com a facção para obter vantagens ilícitas.
O Ministério Público (MP) apresentou a denúncia após uma investigação conduzida pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco). Ademir, apontado como operador financeiro da facção, era conhecido como “Banco da gente” por Netinho de Paula, que, até o momento, não é investigado, mas foi mencionado na denúncia.
No instagram, Netinho de Paula publicou um vídeo sobre o assunto, afirmando que “o uso de chamadas sensacionalistas e insinuações tendenciosas pode comprometer a integridade da mensagem e gerar desinformação”. Assista:
O papel de Ademir no PCC
Ademir Pereira de Andrade é acusado de atuar como o operador financeiro da facção criminosa, facilitando empréstimos a juros e gerenciando transações financeiras ilícitas. Conversas interceptadas entre Ademir e Netinho de Paula revelaram a prática de empréstimos vultosos, incluindo um de R$ 500 mil e outro de R$ 2 milhões.
Além disso, Ademir teria articulado, junto com o cantor, estratégias para beneficiar membros da facção que estavam presos. Entre os detentos estavam líderes notórios da facção, como Décio Português e Fuminho, que cumpriam pena na Penitenciária Federal de Mossoró.
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Como a estrutura do Estado foi utilizada para favorecer o PCC?
O esquema criminoso denunciado pelo MP envolvia uma relação simbiótica entre agentes públicos e empresários do crime. Policiais civis garantiam a impunidade dos criminosos, desviando investigações e protegendo atividades ilegais. Em troca, enriqueciam com os lucros das operações ilícitas.
As atividades criminosas não se limitavam à corrupção e lavagem de dinheiro. Os envolvidos também eram responsáveis por tráfico de drogas, homicídios e sequestros. Um caso notório foi o assassinato do empresário Antônio Vinícius Gritzbach, ocorrido em plena luz do dia no Aeroporto de Guarulhos.
Quais são as consequências legais para os acusados?
O Ministério Público solicitou que os acusados paguem ao menos R$ 40 milhões como reparação pelos danos causados pelos crimes, além de ressarcimento por dano moral coletivo e social. A Justiça de São Paulo agora deve decidir se aceita a denúncia para que as investigações prossigam.
Os denunciados incluem policiais civis e empresários, como Ademir Pereira de Andrade, Ahmed Hassan Saleh, e vários delegados e investigadores da Polícia Civil. Até o momento, os citados na denúncia não foram localizados para comentar as acusações.
Quais são os próximos passos no processo judicial?
Com a denúncia formalizada, cabe agora à Justiça de São Paulo decidir sobre a aceitação das acusações. Caso a denúncia seja aceita, os envolvidos serão formalmente processados, e as investigações continuarão para aprofundar o entendimento sobre o funcionamento do esquema criminoso.
O caso destaca a complexidade e a gravidade das relações entre o crime organizado e setores do Estado, sublinhando a necessidade de medidas rigorosas para combater a corrupção e o crime organizado no país.