Biólogos decobrem nova espécie de cobra de “bigode” brasileira

Cobra de bigode. — Foto: Leandro Alves da Silva

Uma nova espécie de cobra-papagaio, denominada Leptophis mystacinus, foi recentemente identificada nos estados de Tocantins e Minas Gerais, no Brasil. Esta serpente, que exibe cores vibrantes de verde, branco e amarelo, é encontrada exclusivamente no bioma do cerrado. Seu nome faz referência a uma faixa preta que percorre a cabeça, próximo aos olhos e acima da boca, formando uma espécie de ‘bigode’.

A descoberta foi realizada por pesquisadores do Mapinguari – Laboratório de Biogeografia e História Natural de Anfíbios e Répteis do Instituto de Biociências (Inbio) da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), e reforça a rica biodiversidade do Cerrado brasileiro, um dos biomas mais ameaçados do País.

O biólogo Diego Santana, um dos pesquisadores envolvidos na descoberta, destacou que a Leptophis mystacinus não é peçonhenta. A pesquisa que levou à identificação da nova espécie envolveu a análise de materiais coletados no Tocantins em 2017, comparados com outros 1.625 espécimes. Este estudo foi realizado em colaboração com o professor Nelson, que trouxe novos insights sobre a espécie.

Qual é a importância da descoberta da cobra?

A descoberta da Leptophis mystacinus é significativa, pois amplia o conhecimento sobre a biodiversidade do cerrado brasileiro. Antes dessa identificação, apenas 19 espécies do grupo Leptophis eram catalogadas mundialmente, com cinco encontradas no Brasil. A nova espécie foi localizada principalmente nas regiões norte e central do Tocantins, em cidades como Araguaína, Caseara e Pium.

Essa cobra-papagaio é adaptada ao ambiente do cerrado, mas também pode ser encontrada em áreas de transição entre o cerrado e a Amazônia. A pesquisa sugere que a espécie pode estar presente em outros estados da região centro-oeste, como Goiás e Mato Grosso, ampliando seu alcance geográfico.

Características e comportamento da cobra

A Leptophis mystacinus pertence à família Colubridae e é conhecida por viver em árvores, sendo uma serpente arborícola. Seus hábitos alimentares incluem o consumo de lagartos e pequenas aves. Embora possa ser encontrada no chão, a cobra frequentemente sobe em árvores, comportamento típico das cobras-papagaios.

O nome científico da espécie deriva do grego, com “mystax” significando ‘lábio superior’ ou ‘bigode’, e o sufixo latino “inus” indicando ‘semelhança’ ou ‘pertencente a’. Essa característica distintiva do ‘bigode’ a diferencia de outras espécies do mesmo gênero, como Ahaetulla e Dibernardoi.

Quais são as implicações da descoberta para a conservação?

A identificação da Leptophis mystacinus ressalta a importância da conservação do cerrado, um bioma rico em biodiversidade, mas ameaçado por atividades humanas. Estudos futuros sobre o comportamento e ecologia da espécie são essenciais para entender melhor seu papel no ecossistema e para desenvolver estratégias de conservação eficazes.

Além disso, a descoberta sublinha a necessidade de proteger as áreas de transição entre o cerrado e a Amazônia, que abrigam uma rica diversidade de espécies. A preservação desses habitats é crucial para garantir a sobrevivência de espécies recém-descobertas e para manter o equilíbrio ecológico da região.