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O Supremo Tribunal Federal (STF) vem enfrentando um aumento significativo nas arguições de impedimento em 2024, com 107 pedidos protocolados. Esse número supera consideravelmente as 63 ações apresentadas entre 2007 e 2022. Tais arguições buscam retirar ministros da relatoria de processos em andamento. Esse crescimento no número de arguições reflete um momento de intensa atividade no mais alto órgão do judiciário brasileiro.
A maioria dos pedidos teve como alvo o ministro Alexandre de Moraes, que recebeu 96% das solicitações. Dentre eles, um pedido foi feito pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, mas todos, exceto dois, já foram rejeitados. Além disso, o influenciador Bruno Aiub, conhecido como Monark, apontou o ministro Flávio Dino, mais uma face dessa complexa situação envolvendo o STF.
Alexandre de Moraes é o recordista
O ministro Alexandre de Moraes centraliza muitas atenções devido ao número de inquéritos criminais sob sua responsabilidade no STF. Atualmente, ele conduz 21 das 37 investigações em andamento na mais alta corte do Brasil. Esse papel central o coloca em um ponto sensível dentro dos julgamentos políticos e criminais, atraindo pedidos de impedimento.
A concentração dos casos com Moraes é explicada pela “distribuição por prevenção” das novas investigações instauradas no STF. Esse método de distribuição visa evitar decisões conflitantes sobre assuntos semelhantes, entregando-os ao mesmo ministro para julgamento. Isso levanta questões sobre a carga e a imparcialidade no tratamento dos casos.
Processo de arguição de impedimento no STF
As arguições de impedimento seguem um protocolo específico no STF. Inicialmente, são analisadas pelo presidente do Supremo Tribunal Federal, cujo cargo é ocupado atualmente por Luís Roberto Barroso. Caso haja um recurso, o plenário toma a decisão final sobre o pedido, excluindo o ministro que é alvo da arguição.
Curiosamente, até hoje, nenhuma dessas arguições foi acolhida no STF, ilustrando a confiança no processo de decisão sobre a imparcialidade dos ministros pela própria corte. As decisões sempre consideram a relação dos ministros com os casos em julgamento e os argumentos apresentados nas solicitações.
Implicação da concentração de inquéritos sob Alexandre de Moraes
A concentração de inquéritos no ministro Alexandre de Moraes levanta preocupações sobre a equidade e eficácia do processamento dos casos no STF. Enquanto a distribuição por prevenção busca evitar decisões conflitantes, críticos argumentam que isso pode levar a um acúmulo de poder nas mãos de um único ministro.
- Os inquéritos são frequentemente alvos de pedidos de arguição de impedimento.
- A concentração pode impactar a percepção pública sobre a imparcialidade das decisões judiciais.
- O painel Corte Aberta do Estadão revelou que muitos inquéritos sob sigilo podem aumentar a carga de trabalho de Moraes.
Em um cenário onde a justiça busca ser um pilar de imparcialidade e justiça, esse centralismo em poucos ministros do STF gera discussão sobre possíveis reformas nos procedimentos de distribuição de inquéritos judiciais.
Papel do STF em contextos de alta tensão política
O Supremo Tribunal Federal tem um papel crucial em tempos de alta tensão política no Brasil. Aumentos nos pedidos de impedimento indicam não apenas um maior volume de trabalho, mas também um clima de contestação das decisões judiciais. Este cenário revela a importância do equilíbrio e da transparência no funcionamento do sistema judiciário brasileiro.
A responsabilidade do STF em mediar disputas políticas e criminais importantes enfatiza a necessidade de um processo judicial robusto e de decisões imparciais, críticas para a manutenção da ordem constitucional e do estado de direito no Brasil. Os desafios enfrentados pela corte são um reflexo das complexas situações políticas e sociais do país.