Foto: Diário do Brasil Notícias.
Muitas coincidências estão pintando um quadro em que a tela parece ser um déjà vu das eleições no Brasil e na Venezuela. Tanto o Brasil quanto a Venezuela têm testemunhado protestos contra resultados eleitorais, levando a prisões que revelam algumas semelhanças notáveis entre os dois países.
Em 2022, no Brasil, após a eleição presidencial, muitos apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro protestaram contra o que consideravam ser fraude eleitoral. Esses protestos levaram a prisões em massa, com manifestantes sendo acusados de crimes como incitação ao ódio, terrorismo, abolição do Estado Democrático e desordem pública. Da mesma forma, na Venezuela, em 2024, após a reeleição contestada do presidente Nicolás Maduro, a oposição, liderada por figuras como María Corina Machado, reivindicou a vitória de seu candidato, Edmundo González Urrutia. Os protestos subsequentes resultaram em milhares de detenções, com acusações semelhantes de terrorismo, incitação ao ódio e participação em atos violentos.
Repressão e Acusações:
- Brasil: Os manifestantes que vandalizaram a sede dos 3 poderes foram detidos em operações policiais em Brasília e outras cidades, com acusações variando de invasão de prédios públicos a tentativas de golpe. Muitos foram presos sem mandado, e houve denúncias de maus-tratos e detenções arbitrárias de até crianças, mendigos e pessoas com problemas mentais em uma operação feita pelo exército e a PF com o apoio da polícia militar do DF, que a oposição chama de “operação perfídia”. Para quem não conhece o termo, seria como se denomina uma traição em tempos de guerra a seus aliados, que até hoje ecoa uma fala do general responsável por prender os manifestantes: “eles foram dormir pensando que o exército estava protegendo-os, e pela manhã prendemos todos”.
- Venezuela: A repressão foi marcada por uma resposta severa das forças de segurança, com relatos de tortura, detenções arbitrárias e até mortes sob custódia. Os presos enfrentaram acusações de crimes graves, com o governo venezuelano alegando que os protestos eram parte de um plano para desestabilizar o país.
Ambos os países enfrentam críticas internacionais por sua resposta aos protestos. No Brasil, a prisão de manifestantes foi vista por alguns como uma tentativa de silenciar a oposição, enquanto no caso da Venezuela, há acusações de que o governo utiliza a justiça para reprimir vozes dissidentes.
- Em ambos os cenários, os protestos foram não só contra o resultado das eleições, mas também contra o que os manifestantes viam como um processo eleitoral viciado. No Brasil, a mobilização foi significativa, com acampamentos e bloqueios de estradas. Na Venezuela, os protestos levaram a uma onda de violência, com dezenas de mortes e centenas de feridos.
A comunidade internacional tem observado de perto esses eventos. No caso da Venezuela, houve condenações de várias nações e organizações, exigindo a libertação dos presos e a garantia de direitos humanos. No Brasil, embora menos vocal, houve preocupação sobre o tratamento dado aos manifestantes e a integridade do processo democrático. Aliás, em ambos os casos, a justiça age em defesa da democracia, e para isso são justificadas medidas excepcionais.
As prisões no Brasil e na Venezuela por protestos contra resultados eleitorais mostram uma tendência preocupante de repressão contra o dissenso político. Embora os contextos sejam diferentes, a metodologia de resposta governamental, as acusações levantadas e a violação de direitos humanos apresentam semelhanças que levantam questões sobre o estado da democracia e da liberdade de expressão em ambos os países.
Na Venezuela, nitidamente existem provas de uma manobra das instituições para a recondução do presidente Nicolás Maduro ao cargo. No Brasil, até o momento, não existe nenhuma prova de que o processo eleitoral tenha sido eivado de alguma irregularidade. O que existe são queixas da oposição de que houve manobras jurídicas para tornar o presidente Lula elegível e, em um segundo momento, que as decisões judiciais no processo eleitoral ajudaram a campanha da esquerda, mas sem nenhuma prova que possa evidenciar tais acusações.
Por Júnior Melo