Manifestantes participam de um protesto contra o presidente sul-coreano destituído Yoon Suk Yeol perto de sua residência oficial, em Seul. — Foto: REUTERS/Tyrone Siu.
A Coreia do Sul enfrenta um cenário de instabilidade política desde o último mês, marcado por tensões envolvendo o presidente afastado Yoon. Acusado de “insurreição”, ele encontra-se protegido em sua residência presidencial, que está sob forte segurança. A situação provocou reações polarizadas na população, refletidas em manifestações expressivas nas ruas.
A confusão começou quando Yoon declarou lei marcial em dezembro, um movimento inédito desde que a Coreia do Sul se tornou uma democracia. A medida elevou a temperatura política, gerando debates acalorados sobre seus direitos e remédios legais. Enquanto isso, a necessidade de uma resposta clara e estratégica por parte das autoridades torna-se cada vez mais urgente.
Os confrontos entre civis e militares começam em Seul, na Coreia do Sul. O presidente do país acaba de declarar a lei marcial. pic.twitter.com/wHf38EW0Vd
— MSP-Brazil (@mspbra) December 3, 2024
Por que a mobilização popular é tão intensa?
A complexidade da situação na Coreia do Sul se desenrola em diversas camadas, mas a mobilização popular, tanto a favor quanto contra o presidente Yoon, caracteriza-se por uma série de fatores históricos e sociais. Em primeiro lugar, a preocupação com a segurança nacional é uma constante devido à proximidade com a Coreia do Norte. Muitos sul-coreanos consideram que proteger Yoon pode ser essencial para manter a estabilidade frente às ameaças externas.
Outro motivo é a forte tradição sindicalista do país. A Confederação Coreana de Sindicatos, a maior do país, tentou marchar até a residência presidencial em um gesto de protesto contra Yoon, mas foi impedida pela polícia. Os embates resultaram em prisões e ferimentos, ilustrando a alta tensão social que permeia o problema.
🚨 Coreia do Sul: Polícia cerca a residência do presidente afastado, Yoon Sul Yeol, que deverá ser preso após tentativa frustrada de declarar lei marcial. Caso a prisão seja efetivada, será um marco sem precedentes na história do país. pic.twitter.com/sIcks2zqoM
— X Notícias (@XNoticias_) January 2, 2025
Qual o papel das alianças internacionais na crise?
O envolvimento internacional na situação político-social da Coreia do Sul é inevitável, dada a complexidade das relações entre este país, os Estados Unidos e o Japão. A aliança entre essas nações é vista como um pilar de segurança na região, e qualquer ruptura ou desequilíbrio poderia ter consequências geopolíticas significativas.
Nesse cenário, a detenção de Yoon é vista por alguns como um possível risco para essa aliança, o que dificulta a adoção de ações rápidas e efetivas. Os Estados Unidos, principal aliado da Coreia do Sul, têm solicitado contenção e prudência, com Antony Blinken visitando Seul para tentar encontrar soluções pacíficas.
Quais podem ser as repercussões legais e políticas?
O futuro da crise política sul-coreana depende, em parte, dos desdobramentos legais relacionados ao presidente Yoon. Se for preso, ele se tornará o primeiro chefe de Estado sul-coreano a enfrentar tal situação durante o exercício do mandato. Isso estabeleceria um precedente inédito e poderia influenciar no curso da política interna por muitos anos.
Os advogados de Yoon já classificaram a ordem de prisão contra ele como “ilegal e inválida” e prometem tomar medidas legais, caso a ordem continue ameaçando seus direitos. Além disso, a viabilidade de um segundo mandado de prisão é incerta, especialmente com a segurança presidencial fortemente leal a Yoon e a instabilidade social no país.
Em um impasse tenso que durou seis horas em frente à residência oficial do presidente da Coreia do Sul, a polícia e agentes do gabinete anticorrupção do país desistiram de prender Yoon Suk Yeol nesta sexta-feira (3) depois de serem barrados pela guarda presidencial. Com os… pic.twitter.com/JazyWOnfje
— Folha de S.Paulo (@folha) January 3, 2025
O que aguarda a Coreia do Sul em meio a essa turbulência?
Com o tempo correndo contra a ordem de prisão e a tempestade política vigente, o futuro imediato da Coreia do Sul parece incerto. Enquanto a elite política busca uma resolução que equilibre as pressões internas e externas, a sociedade civil continua dividida, ansiando por segurança e estabilidade. A condução cuidadosa deste caso poderá ser decisiva para o destino político do país e para manter o equilíbrio na Península Coreana.