Foto: Lula Marques/EBC.
O Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo formou uma maioria a favor da cassação do mandato da deputada federal Carla Zambelli. A razão alegada são supostos abusos de poder político e o uso inadequado dos meios de comunicação. Com um placar de 4 a 0 contra a deputada, o julgamento foi interrompido devido ao pedido de vistas da juíza Maria Cláudia Bedotti. O julgamento deverá ser retomado no próximo ano, após o recesso do Judiciário, e ainda há a possibilidade de recurso ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Se condenada, Zambelli enfrentará inelegibilidade por oito anos, iniciando em 2022, além de ter sua diplomação cassada. O relator Encinas Manfré destaca que a deputada teria conscientemente difundido informações fraudulentas, incitando animosidade contra o sistema eleitoral e membros do Judiciário.
Quais são as acusações contra Carla Zambelli?
As acusações contra Zambelli incluem a promoção de incitação à animosidade e hostilidade contra o sistema eleitoral brasileiro e figuras do poder Judiciário. Estas ações teriam ocorrido tanto antes quanto após o período eleitoral. O cerne da questão está na alegação de que Zambelli utilizou sua posição para difundir informações enganosas e manipular opiniões públicas, impactando o processo democrático.
A deputada, por sua vez, demonstrou confiança na reversão do julgamento, comentando que ainda cabe recurso e expressando sua fé contínua na justiça: “Vamos continuar fazendo um bom trabalho, pelas quase 1 milhão de pessoas que acreditam em mim.”
Qual é a conexão com os eventos de 8 de janeiro de 2023?
Além das acusações eleitorais, Zambelli foi impedida de visitar mulheres presas por atos de vandalismo em Brasília, em 8 de janeiro de 2023. O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, negou o pedido, interligando o caso ao inquérito das fake news, onde Zambelli é investigada. Este inquérito destaca a possível disseminação de informações falsas e influências negativas na ordem pública.
O pedido de visita foi inicialmente enviado pela deputada à Secretaria de Administração Penitenciária do Distrito Federal (Seape), mas acabou vetado pelo STF, que ressaltou a conexão da deputada a casos anteriores, reforçando a seriedade das acusações contra ela.
Qual é o papel de Walter Delgatti nessas investigações?
Walter Delgatti, hacker preso em agosto, confessou a invasão do sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e a inserção de documentos falsos, incluindo um mandado de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes. Delgatti acusou Zambelli de ser mandante do ato, afirmando ter recebido 40 mil reais pelos serviços. Tais revelações complicam ainda mais a situação da deputada dentro dos processos investigativos em andamento.
A Primeira Turma do STF concluiu que as ações de Delgatti demonstravam “desinteligência natural”, conforme descrição de Cármen Lúcia. Tais atos foram categorizados como tentativas precárias de manipulação política e judicial.
O que está em jogo para a deputada Carla Zambelli?
Com as diferentes frentes judiciais, Zambelli enfrenta uma crise política que pode resultar em sua inelegibilidade e no fim de sua carreira política atual. As conexões entre suas ações e indivíduos como Walter Delgatti reforçam o debate sobre segurança e integridade do sistema eleitoral brasileiro. Ao mesmo tempo, a deputada continua a reafirmar sua inocência e esperança em uma decisão favorável das instâncias superiores.
Resta acompanhar as próximas etapas do processo para entender o impacto destas decisões na carreira política da deputada e no cenário político brasileiro em geral. A questão central é como tais investigações moldam a credibilidade dos representantes públicos e a confiança contínua na democracia brasileira.