Créditos: depositphotos.com / rfphoto.
No cenário atual das mudanças climáticas, a produção de café está enfrentando desafios significativos. Uma das maiores ameaças para os cafeicultores é o aumento das temperaturas, que já demonstram impacto direto nas safras. Cultivos considerados perenes, como o café, sofrem especialmente durante suas fases críticas, em particular na florada, período em que a seca e o calor intenso podem levar ao aborto floral, impedindo o desenvolvimento dos frutos.
Segundo relatórios intergovernamentais, o aumento da temperatura média global em 1°C já traz efeitos visíveis. Projeções indicam que o aquecimento pode atingir até 1,5°C entre 2030 e 2050, desafiando ainda mais a resiliência das plantações de café, em especial do tipo arábica, predominante no Brasil e que prospera em temperaturas mais amenas.
Como o clima afeta o cultivo de café?
Com a elevação das temperaturas, o estresse térmico torna-se comum nas lavouras de café, resultando na queda de folhas e redução da capacidade fotossintética. Esse fenômeno é agravado pela perda acelerada de água, conforme descrito por diversos pesquisadores. Tal condição compromete não apenas a quantidade, mas também a qualidade dos grãos produzidos.
Além disso, as plantações tornam-se suscetíveis a pragas e doenças que prosperam em climas mais quentes, resultando em perdas adicionais para os agricultores. A produção nacional, como observada em recentes safras, já sofreu uma redução na produtividade devido a esses fatores climáticos adversos.
Futuro do café brasileiro
O Brasil, maior produtor mundial de café, particularmente o estado de Minas Gerais, enfrenta um cenário difícil. Pesquisa aponta que as áreas aptas ao cultivo podem diminuir drasticamente com o aquecimento futuro. As terras cultiváveis poderiam se reduzir a uma fração do que são hoje, impactando a capacidade produtiva do país.
Entretanto, regiões do Sul, como o Paraná, poderiam ter um aumento momentâneo em sua aptidão para o cultivo, devido à redução do risco de geadas. No entanto, mesmo esse aumento é temporário, pois níveis de aquecimento mais extremos podem novamente tornar inviable o plantio nessas áreas também.
Vai ter café para todos?
O aumento do consumo global, aliado a uma oferta declinante, resulta em uma potencial elevação nos preços do café. Com mais de 9 milhões de toneladas consumidas anualmente, a crescente demanda pode enfrentar dificuldades devido à diminuição das áreas de plantio viáveis.
Porém, há esperança no horizonte. Pesquisas em andamento focam no desenvolvimento de variedades mais resistentes, além de técnicas de manejo agrícola que possam mitigar alguns dos efeitos nocivos do aquecimento global. A adaptação e inovação serão cruciais para assegurar que o café continue a ser uma parte acessível e deliciosa do dia a dia global.
Uma das soluções emergentes para lidar com os desafios climáticos na produção de café é a utilização de árvores de sombra. Esta técnica não só protege as plantações do calor extremo, mas também contribui para a biodiversidade e a retenção de umidade no solo.
Essas práticas agroflorestais, embora não sejam uma resolução definitiva, representam um passo importante na adaptação às novas condições climáticas, ajudando a manter tanto a quantidade quanto a qualidade dos grãos de café em um futuro cada vez mais incerto.