A Volkswagen enfrenta um momento desafiador em 2024, devido às crescentes tensões nas operações europeias e chinesas. Apesar de ser uma das maiores fabricantes automotivas do mundo, a marca encontra-se pressionada pela transição para veículos elétricos, o que impacta diretamente suas operações na Alemanha e na China.
Na Alemanha, o foco está em reestruturar operações a fim de reduzir custos e aumentar a competitividade. Já na China, há uma perda significativa de participação de mercado para fabricantes locais, que avançam rapidamente na produção de modelos elétricos.
Por que os custos operacionais são um desafio na Alemanha?
A Alemanha, onde a Volkswagen emprega quase metade de sua força de trabalho global, experimenta um dos maiores custos de mão de obra na indústria automotiva. Em 2023, os custos médios de mão de obra chegaram a 62 euros por hora. Esses valores não se limitam apenas à produção, pois trabalhadores administrativos também impactam significativamente os balanços da empresa.
Os trabalhadores estão pressionando por aumentos salariais, enquanto a empresa já considera que seus custos são superiores aos de outras montadoras. Essa situação cria um impasse que pode levar à necessidade de cortes profundos e até a um possível fechamento de fábricas na região.
Como a Volkswagen está lidando com a concorrência na China?
No mercado chinês, tradicionalmente lucrativo para a Volkswagen, há uma intensa disputa com fabricantes locais. Com a crescente demanda por veículos elétricos, consumidores chineses estão se voltando para marcas domésticas que oferecem preços mais acessíveis e características inovadoras.
Essa mudança de preferência entre os consumidores locais força a Volkswagen a reavaliar sua estratégia no país, procurando recuperar parte do terreno perdido com um foco renovado em inovação e adaptações específicas para o mercado chinês.
O que significa essa crise global para o Brasil?
No Brasil, a situação é menos crítica, dado que a Volkswagen tem apresentado resultados financeiramente sólidos no país. Ainda assim, a operação local deve atuar em um contexto de restrições tecnológicas, já que os avanços são priorizados para os mercados europeu e americano.
O foco no Brasil tem sido a manutenção de modelos populares e de boa aceitação, como o T-Cross e o Nivus, sem implementar mudanças drásticas. Além disso, o início da eletrificação de veículos no país está ocorrendo de forma gradual, por meio de sistemas híbridos leves que facilitam a adaptação dos consumidores a novas tecnologias.
Quais são as próximas estratégias da Volkswagen?
A Volkswagen tem como objetivo imediato aumentar sua presença no mercado dos Estados Unidos, enquanto lida com a redução de custos na Alemanha. A gestão local, liderada por Kjell Gruner após a saída de Pablo Di Si, foca em eficiências operacionais e inovações estratégicas.
À medida que a empresa busca um equilíbrio entre as pressões econômicas e suas ambições globais, manter e, se possível, expandir o crescimento em mercados-chave como o Brasil parece ser parte do plano. Porém, a expectativa de avanços significativos na eletrificação no mercado brasileiro se mantém tímida em comparação com os desenvolvimentos europeus.