O consumo de álcool é um hábito profundamente enraizado na sociedade, especialmente na cultura ocidental e brasileira. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o álcool é a substância mais usada mundialmente, com 400 milhões de pessoas vivendo com transtornos relacionados à bebida e 2,6 milhões de mortes anuais atribuídas ao consumo de álcool. Contudo, aqueles que optam por não consumir enfrentam um estigma, um fenômeno conhecido como “sober shaming”.
O “sober shaming” refere-se à prática de constranger ou ridicularizar indivíduos que escolhem reduzir ou eliminar o consumo de álcool. Essa pressão social para consumir álcool é frequentemente impulsionada pelas expectativas culturais e pela forte promoção comercial de bebidas alcoólicas.
Por que as pessoas são estigmatizadas por não beber álcool?
O consumo de álcool é visto como um comportamento esperado em muitos círculos sociais. Pessoas que optam por não beber são, muitas vezes, questionadas e pressionadas a justificar suas escolhas. Uma pesquisa da consultoria Go Magenta revelou que 62% dos brasileiros consumidores de álcool pensaram em diminuir sua ingestão, mas enfrentaram questionamentos sobre o motivo por trás dessa decisão.
O estigma está ligado à percepção de que quem não bebe desafia as normas sociais e provoca autorreflexões. Além disso, para muitos, o ato de beber está associado a rituais sociais e à identidade de grupo, onde a abstenção pode ser interpretada como falta de lealdade.
Quem é mais suscetível ao “sober shaming”?
Certos grupos sociais são mais vulneráveis à pressão para consumir álcool. Jovens e homens, por exemplo, costumam associar o consumo de álcool à masculinidade. Estudos apontam que, entre esses grupos, o consumo excessivo é um meio de demonstrar resistência e pertencer ao grupo.
No entanto, o interesse das gerações mais jovens na saúde tem levado à diminuição do consumo de álcool. Celebridades, como o ator britânico Tom Holland, têm dado visibilidade a essa escolha. Ele, por exemplo, lançou uma marca de cerveja sem álcool após reconhecer um padrão problemático em seu próprio consumo.
Como o comportamento em relação ao álcool está mudando entre os jovens?
Relatórios recentes indicam que as gerações mais jovens estão cada vez menos interessadas em bebidas alcoólicas. No Brasil, dados do Covitel 2023 mostram que uma significativa parcela de jovens adultos prefere não consumir álcool. Essa mudança é impulsionada por motivos que incluem uma busca por um estilo de vida mais saudável, maior autocontrole e a preocupação com a reputação.
Na pesquisa realizada pela Go Magenta, muitos participantes destacaram benefícios em saúde física e mental após reduzir o consumo de álcool. O discurso entre os jovens valoriza um consumo mais consciente, em harmonia com um estilo de vida que prioriza saúde e bem-estar.
Estamos realmente bebendo menos?
Ainda que os dados mostrem uma tendência de redução entre os jovens, essa faixa etária é também a que, ao consumir, pratica o chamado “binge drinking”. Esta prática envolve o consumo de grandes quantidades de álcool em um curto período, representando riscos elevados à saúde. A taxa de “binge drinking” permanece alta em comparação com outras faixas etárias, refletindo um padrão comportamental que desafia a tendência de abstenção.
Os especialistas sugerem que a mudança de comportamento em relação ao álcool é uma oportunidade para discutir e promover um consumo consciente e seguro. No entanto, o desafio persiste em compreender como mitigar os riscos associados ao consumo excessivo entre os jovens.