A crescente demanda por alimentos orgânicos nos supermercados tem gerado uma série de questionamentos, especialmente em relação ao seu custo superior em comparação aos produtos convencionais. No outono, frutas como maçãs e legumes de inverno tornam-se protagonistas nas prateleiras, muitas vezes acompanhadas de suas opções orgânicas mais onerosas. Um dos fatores que mais encarece os produtos orgânicos é o rigor nas diretrizes do Departamento de Agricultura dos EUA, que requer produção sem a maioria dos pesticidas e herbicidas sintéticos.
Além disso, produtos de origem animal precisam ser provenientes de animais com livre acesso a áreas externas, sem o uso de hormônios de crescimento ou antibióticos. Este processo naturalmente resulta em mais mão de obra, uma vez que, por exemplo, a ausência de herbicidas potentes demanda intervenção manual para controle de ervas daninhas.
Orgânicos são realmente mais nutritivos?
O interesse por alimentos orgânicos não se dá apenas pela ausência de químicos, mas também pela presunção de que sejam mais nutritivos. No entanto, quando se trata de macronutrientes como proteínas e carboidratos, as diferenças entre produtos orgânicos e convencionais são mínimas, segundo especialistas em nutrição. Alguns estudos pontuam uma presença ligeiramente maior de antioxidantes em certos produtos orgânicos, mas tais achados não são consistentes.
A professora Lizzy Davis aponta que, apesar de algumas análises sugerirem diferenças nos níveis de micronutrientes, elas não são suficientemente substanciais para impactar significativamente a saúde dos consumidores. Pesquisas não conseguiram provar que esses resíduos nutricionais em orgânicos têm efeitos benéficos diferenciados na saúde das pessoas.
Os alimentos orgânicos reduzem o risco de doenças?
Há um debate contínuo sobre os impactos a longo prazo dos alimentos orgânicos na saúde. Um estudo de 2018 indicou que indivíduos que consumiam alimentos orgânicos regularmente apresentavam menor incidência de câncer, mas resultados similares não foram encontrados em outras pesquisas. Essas diferenças podem estar mais relacionadas ao estilo de vida e hábitos alimentares gerais dos consumidores de orgânicos, que tendem a ter dietas mais saudáveis de forma geral, do que aos orgânicos em si.
Por outro lado, há quem prefira os orgânicos para evitar organismos geneticamente modificados, ainda que não existam evidências claras de que esses representem riscos à saúde humana. Desta forma, os estudos disponíveis sobre os efeitos diretos sobre doenças como diabetes e doenças cardíacas ainda carecem de comprovatória relação causal.
Vale a pena investir em alimentos orgânicos?
Os consumidores frequentemente citam a exposição a pesticidas como uma preocupação preponderante ao escolher alimentos convencionais. É importante notar que, embora alimentos orgânicos não sejam completamente livres de pesticidas, eles utilizam aqueles que não são quimicamente sintetizados. O impacto dos pesticidas sintéticos na saúde humana ainda não está totalmente claro para os especialistas, mas há preocupação quanto à saúde dos trabalhadores rurais que lidam com essas substâncias regularmente.
No fim das contas, a decisão de optar por alimentos orgânicos deve considerar não apenas o potencial nutricional, mas também questões éticas e de saúde dos trabalhadores agrícolas. Especialistas recomendam priorizar uma dieta diversificada e saudável como estratégia mais segura para promover o bem-estar, independentemente de o alimento ser orgânico ou não.