Centro Médico da Universidade de Boston/ Divulgação.
A perda de cabelo pode ser resultante de diversas causas, incluindo fatores genéticos, hormonais e até mesmo questões autoimunes. Entretanto, uma causa rara e menos conhecida envolve a picada de carrapato. Recentemente, um caso chamou a atenção nos Estados Unidos, quando uma mulher de 28 anos de Boston perdeu uma grande quantidade de cabelo devido a uma picada desse aracnídeo.
O incidente foi relatado por pesquisadores do Centro Médico da Universidade de Boston, e trouxe à tona a possibilidade de alopecia induzida por carrapatos. A paciente observou inicialmente a perda de cabelo apenas no local da picada, que se localizava no topo de sua cabeça. Com o passar de apenas um mês, a condição se agravou, resultando em áreas calvas mais extensas pelo couro cabeludo.
Como a picada de carrapato afeta o couro cabeludo?
Quando um carrapato se fixa na pele, pode induzir à necrose dos tecidos, levando à formação de escaras. Essas escaras são áreas de tecido morto que se desenvolvem sobre a pele saudável, eventualmente caindo e deixando uma área calva. No caso em questão, além da perda capilar, surgiram pontos amarelados e escuros na região afetada, sintomas típicos dessa condição rara.
Os pesquisadores explicam que a perda de cabelo decorrente da picada pode durar até três meses. No entanto, em algumas situações, o cabelo pode não voltar a crescer na área afetada por mais de cinco anos. Essa previsão gera desafios significativos para o manejo e tratamento da condição.
Quais foram os tratamentos adotados?
A busca por soluções levou a paciente a tentar diferentes tratamentos, incluindo o uso de vitaminas e injeções de esteroides. Infelizmente, esses métodos iniciais não foram eficazes no restabelecimento do crescimento capilar. Uma avaliação mais detalhada do caso levou ao diagnóstico de um quadro grave de alopecia, definindo o direcionamento do tratamento subsequente.
O tratamento eficaz veio na forma de baricitinibe, um medicamento tradicionalmente usado em doenças inflamatórias como a artrite reumatoide e a dermatite atópica. O baricitinibe age sobre o sistema imune, modulando reações inflamatórias e auxiliando na recuperação capilar.
Quais foram os resultados após o tratamento?
Após quatro meses de tratamento com baricitinibe, a paciente começou a ver resultados. Houve crescimento de cabelo em quase todas as áreas do couro cabeludo que haviam sido afetadas pela queda, com exceção do local exato da picada e suas proximidades. Isso ilustra tanto a complexidade do caso quanto o potencial do medicamento em ajudar na recuperação de quadros inflamatórios.
O episódio serve como um lembrete sobre a importância de se procurar assistência médica adequada em situações de queda de cabelo incomum. Embora a alopecia por picada de carrapato seja rara, é crucial para os profissionais de saúde considerarem todas as possibilidades ao realizar diagnósticos e planejar tratamentos.
Alopecia por picada de carrapato
A alopecia (queda de cabelo) causada por picada de carrapato é uma condição menos comum, mas pode ocorrer devido à reação inflamatória do organismo à picada ou à infecção que pode ser transmitida por alguns tipos de carrapatos, como é o caso da doença de Lyme ou da Febre Maculosa Brasileira (causada por carrapatos do gênero Amblyomma). Nesses casos, a queda de cabelo pode ser uma consequência indireta da infecção ou da resposta inflamatória.
No Sistema Único de Saúde (SUS), o tratamento para alopecia relacionada à picada de carrapato vai depender do diagnóstico específico, uma vez que a causa da queda de cabelo pode estar ligada a uma infecção ou a uma reação autoimune provocada pela picada. Aqui estão os principais tipos de tratamento que podem ser oferecidos:
1. Tratamento das Doenças Transmitidas por Carrapatos
Se a alopecia for decorrente de uma doença transmitida por carrapatos, o SUS oferece tratamento adequado para a infecção subjacente. O tratamento pode incluir:
- Antibióticos: Para doenças bacterianas como a Febre Maculosa Brasileira, o tratamento consiste em antibióticos, como doxiciclina ou cloranfenicol, dependendo do caso.
- Antifúngicos ou Antivirais: Em casos raros, caso a picada tenha causado uma infecção fúngica ou viral secundária, medicamentos específicos serão indicados.
2. Tratamento da Reação Inflamatória
Se a queda de cabelo for devido a uma inflamação local causada pela picada, o SUS pode oferecer o seguinte tratamento:
- Corticosteroides Tópicos ou Sistêmicos: Medicamentos anti-inflamatórios, como os corticosteroides (hidrocortisona, prednisona, etc.), podem ser usados para reduzir a inflamação e controlar a resposta imune do corpo.
- Antialérgicos: Para aliviar a coceira e a irritação, anti-histamínicos podem ser prescritos para reduzir a reação alérgica à picada do carrapato.
3. Tratamento da Alopecia (Queda de Cabelo)
Caso a queda de cabelo seja persistente após a resolução da infecção ou inflamação, o SUS pode oferecer tratamentos para estimular o crescimento capilar:
- Minoxidil: Pode ser indicado para ajudar no crescimento dos fios em áreas de alopecia, principalmente em casos em que o couro cabeludo ainda está saudável, mas o cabelo não está crescendo adequadamente.
- Corticosteroides Tópicos: Se houver uma condição autoimune, como alopecia areata secundária a uma infecção, o uso de corticosteroides tópicos ou injetáveis pode ser considerado para promover a regeneração capilar.
4. Acompanhamento e Suporte
Em casos de alopecia devido à picada de carrapato, é importante fazer o acompanhamento médico para garantir que a infecção tenha sido controlada e que a recuperação capilar esteja ocorrendo de maneira satisfatória. O SUS oferece acompanhamento regular, especialmente por meio de consultas com dermatologistas e outros especialistas (como infectologistas ou reumatologistas, dependendo do quadro).
- Aconselhamento Psicológico: Caso a alopecia afete significativamente a autoestima do paciente, o SUS também pode oferecer apoio psicológico, através de serviços de psicologia nas unidades de saúde.
5. Prevenção
A melhor forma de evitar a picada de carrapatos e as doenças associadas é a prevenção. O SUS pode fornecer informações sobre como evitar o contato com carrapatos, especialmente em áreas rurais ou de mata. Isso inclui o uso de repelentes, roupas de proteção (como calças e botas) e o cuidado com animais que possam carregar carrapatos.
Como ter acesso aos tratamentos no SUS?
Para acessar os tratamentos, é necessário procurar um médico, inicialmente em uma unidade básica de saúde (UBS). Se for diagnosticada alguma doença transmitida por carrapatos ou uma reação mais grave, o paciente pode ser encaminhado para centros de referência, como hospitais especializados ou ambulatórios de infectologia, dermatologia ou reumatologia.
Se a alopecia for persistente ou grave, é importante que o paciente receba um diagnóstico preciso e siga o tratamento completo conforme orientado pelos profissionais de saúde do SUS.