A Associação Nacional das Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) fez um apelo para que os impostos sobre a montagem de veículos em kits CKD (Completely Knocked Down) e SKD (Semi-Knocked Down) no Brasil sejam reajustados. Atualmente, essas modalidades de montagem usufruem de alíquotas reduzidas, mas a Anfavea propõe aumentá-las para 35%. A medida visa alinhar a tributação desses veículos a estratégias que fomentam a produção local.
O debate em torno do aumento dessas alíquotas tem ganhado espaço no governo, especialmente considerando a iminente decisão da Câmara de Comércio Exterior (Camex). Tal mudança impactaria fabricantes estrangeiros que utilizam essa estratégia para entrar no mercado brasileiro, aproveitando a simplicidade de montagem e o menor custo de investimento inicial.
Qual o impacto do reajuste dos impostos para CKD e SKD?
Se o aumento do imposto se concretizar, significará uma elevação considerável nos custos para as montadoras que operam no Brasil sob o regime de montagem CKD e SKD. Atualmente, essas alíquotas estão fixadas em 18% e 16%, mas a proposta da Anfavea é que sejam elevadas para 35%, o que pode reequilibrar o mercado em favor da produção mais nacionalizada.
Dentre as montadoras afetadas, destacam-se as chinesas como BYD e GWM, além de fabricantes como Caoa Chery, que produz em Anápolis desde 2018. O governo deve considerar cuidadosamente o impacto econômico de tal decisão, pois pode influenciar não apenas a estratégia dessas empresas, mas também os preços finais ao consumidor.
Por que o modelo CKD e SKD é vantajoso?
A produção de veículos utilizando os modelos CKD e SKD oferece várias vantagens. Primeiramente, o processo é significativamente mais simples e menos custoso comparado à fabricação do zero. Este método de montagem reduz a necessidade de uma infraestrutura complexa e de uma cadeia ampla de fornecedores locais.
Além disso, há uma maior flexibilidade logística, permitindo que as montadoras ajustem rapidamente suas linhas de produção conforme a demanda. Isso é especialmente vantajoso num mercado tão dinâmico quanto o automotivo. Outro ponto de destaque é a redução tributária atualmente aplicada a esses modelos, que minimiza o custo dos veículos importados para o consumidor brasileiro.
Como a chegada de marcas chinesas influencia o mercado automotivo?
A ascensão de marcas chinesas no Brasil chamou a atenção da indústria automotiva local. Estas empresas frequentemente utilizam os arranjos CKD e SKD para estabelecer uma presença competitiva no país, proporcionando carros a preços mais acessíveis. A proposta de aumentar os impostos sobre esses modelos reflete uma tentativa de proteger a indústria nacional e fomentar maiores investimentos em produção local.
Ainda assim, a decisão deve equilibrar interesses econômicos e comerciais para evitar repercussões negativas sobre a disponibilidade de modelos estrangeiros no mercado e sobre os preços finais ao consumidor. O futuro das montadoras que optam pelo CKD e SKD dependerá da capacidade de adaptação às novas possíveis políticas tributárias.
Qual a relação entre os impostos para veículos elétricos e híbridos?
A proposta da Anfavea está alinhada a uma outra preocupação da indústria: a taxação dos carros híbridos e elétricos. Após anos de isenção, o Brasil começou a reintroduzir impostos progressivos sobre a importação desses veículos a partir de 2024, com aumentos esperados anualmente até chegar a uma taxa de 35% em 2026, independentemente do nível de eletrificação. Essa política visa estimular a fabricação local e equilibrar o mercado face à crescente participação de marcas estrangeiras.
O contínuo debate político e econômico em torno do tema indica que o segmento automotivo brasileiro está em transformação. O resultado dessas mudanças definirá a direção futura da indústria e a competitividade do mercado local frente aos desafios globais.