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No ano de 2024, a Assembleia Legislativa de São Paulo aprovou um projeto de lei que veda o uso de dispositivos eletrônicos nas escolas, incluindo celulares, tablets e relógios inteligentes, durante todo o período escolar. A proposta, de autoria da deputada estadual Marina Helou, busca fomentar a interação social entre os alunos e melhorar o desempenho acadêmico. O governador Tarcísio de Freitas tem 15 dias úteis para tomar uma decisão sobre a sanção ou veto do projeto.
A utilização de celulares tem se mostrado uma fonte de distração no ambiente escolar, prejudicando a concentração e o desempenho dos estudantes. Um estudo da Universidade de Chicago já apontou que a simples presença dos aparelhos pode afetar negativamente a capacidade cognitiva dos jovens. No entanto, especialistas indicam que uma proibição completa pode não resolver o problema do tempo de tela dos alunos a longo prazo.
Quais são os benefícios e desafios da proibição de celulares nas escolas?
Entre os pontos positivos da medida está a promoção da interação social. A deputada estadual Professora Bebel defende que, ao proibir o uso de celulares, os alunos poderão se envolver em atividades mais interativas e lúdicas durante seus intervalos, como brincadeiras tradicionais, fomentando habilidades criativas e de convivência.
Em contrapartida, o desafio principal está na execução da medida. O projeto demanda que as escolas criem sistemas de comunicação eficientes entre pais e filhos, e que coletem os celulares dos estudantes de forma segura. Muitas instituições privadas já adotaram armários com cadeados, mas a generalização dessa abordagem ainda gera dúvidas.
Como a tecnologia pode ser integrada à educação de maneira efetiva?
Especialistas argumentam que, embora a proibição do uso de celulares busque mitigar distrações, a tecnologia deve ser utilizada como ferramenta educativa. O Instituto Felipe Neto, juntamente com outros profissionais da área, propõe a inclusão de educação midiática nas instituições de ensino. Assim, os alunos podem aprender sobre temas como fake news e cyberbullying, desenvolvendo um senso crítico sobre o uso de dispositivos eletrônicos.
- Promover o ensino de programação e robótica.
- Implementar atividades pedagógicas que utilizem tecnologia.
- Incentivar a discussão sobre direitos e deveres no ambiente digital.
Será a proibição suficiente para lidar com a desigualdade digital?
Assim como outras áreas e esferas sociais, a educação também enfrenta desafios relacionados à desigualdade no acesso a tecnologias. Estudantes de escolas públicas e privadas têm realidades bastante diferentes quando se trata de dispositivos eletrônicos e internet. Logo, especialistas pontuam que banir os celulares sem discutir o ensino de tecnologias pode aumentar essa desigualdade e privar estudantes de baixa renda de desenvolverem habilidades digitais fundamentais para o mundo contemporâneo.
Nesse sentido, o projeto de lei propõe que as escolas públicas e privadas modifiquem suas abordagens, respeitando as particularidades de cada comunidade. A discussão sobre a implementação precisa ser ampla e democrática, envolvendo pais, educadores e a comunidade escolar em geral, de forma que todos possam contribuir para a criação de uma solução viável e benéfica.
Qual o papel dos pais e da sociedade na regulação do uso da tecnologia?
A presença dos pais na regulação do uso de celulares é crucial. Segundo a deputada Professora Bebel, a supervisão dos pais deve começar em casa, dado que a dependência de dispositivos eletrônicos por crianças é também um reflexo de condições sociais mais amplas, como a segurança pública precária e a falta de atividades culturais.
Concluindo, enquanto a proposta de proibição traz benefícios potenciais, como aumento da concentração e interação entre alunos, a sua efetividade dependerá de uma implementação cuidadosa e abrangente, que considere as nuances de cada comunidade escolar. A tecnologia pode e deve ser uma aliada na educação, desde que utilizada com critério e acompanhamento adequado.