Por Júnior Melo
A eleição presidencial dos Estados Unidos de 2024 acabou de nos brindar com uma lição que, se não fosse tão séria, poderia ser considerada uma comédia de erros digna do Guia do Mochileiro das Galáxias. O que aprendemos, ou melhor, o que deveríamos ter aprendido, é que a desinformação não é exclusividade das redes sociais, mas sim um esporte olímpico praticado com maestria pela grande mídia.
Durante toda a extensão da campanha eleitoral, as pesquisas de intenção de voto oscilaram entre um empate técnico e uma ligeira vantagem para Kamala Harris. No entanto, se você olhar para esses números com a mesma desconfiança que se olha para um vogoniano oferecendo um passeio em sua nave, perceberá que algo estava fora do lugar. O que aconteceu foi um claro intento de manipulação, um “efeito manada” sendo forçado goela abaixo no eleitorado americano, tentando criar uma narrativa pró-Harris em um cenário que demonstrava uma tendência crescente para Trump.
E aqui reside a ironia mais cruel. As mesmas entidades que deveriam ser os guardiões da verdade, como CNN, ABC News, e até mesmo a Folha de São Paulo, no Brasil, se tornaram os mesmos que, em tempos antigos, diríamos estar ‘tocando a música da discórdia’. Estas empresas, que muitas vezes se autoproclamam o bastião da veracidade, acabaram por revelar-se propagadoras de uma narrativa unilateral. A realidade é que a bolha de desinformação na imprensa mainstream é mais densa que a atmosfera de um planeta gigante gasoso.
O conceito de checagem de fatos, tão brandido como uma bandeira de justiça informativa, transformou-se em uma ferramenta de controle. Essas organizações decidem o que é verdade, o que é mentira, e o que deve ser ignorado, criando uma realidade alternativa que tenta ditar o comportamento eleitoral. É como se estivessem tentando programar os cidadãos como se fossem personagens de um jogo de computador, onde as variáveis são facilmente manipuláveis.
Essa eleição nos mostrou que talvez a verdade não seja o que mais importa, mas sim a percepção da verdade, moldada e disseminada por aqueles que detêm o poder da mídia. No entanto, como qualquer bom guia intergaláctico diria, a verdade, assim como a resposta para a vida, o universo e tudo mais, é 42 – ou seja, está lá fora, esperando para ser descoberta, independentemente das tentativas de ocultação.
A grande mídia, ao tentar controlar o fluxo de informações, esqueceu-se de um detalhe crucial: o eleitor, como qualquer ser senciente, possui a capacidade de pensar por si mesmo, de questionar, e, quando necessário, de resistir à manipulação. A democracia, no seu núcleo, é um sistema onde o povo tem a última palavra, e não as manchetes dos jornais ou as manchetes online.
Portanto, a lição que fica das eleições americanas de 2024 é um eco retumbante: a desinformação não está apenas nas redes sociais; ela está em todos os cantos onde se manipula a informação para atender a interesses que não necessariamente são os do público. Talvez, a próxima vez, a grande mídia lembre-se disto antes de tentar vender ao mundo uma realidade que não existe, ou, pior, uma realidade que o eleitor não está disposto a comprar.