O Supremo Tribunal Federal (STF) retomará a discussão sobre alterações na Declaração de Nascido Vivo (DNV), documento essencial para o registro civil de recém-nascidos no Brasil. A ação, proposta pelo Partido dos Trabalhadores (PT), busca a substituição dos termos “mãe” e “pai” por “parturiente” e “responsável legal”. O debate sobre essa questão já provocou divergências entre os ministros da Corte.
Proposta e Contextualização
Desde que a medida cautelar foi concedida, o governo brasileiro realizou a remoção provisória dos termos “mãe” e “pai” da DNV. No entanto, uma proposta alternativa que ganhou força sugere a inserção das expressões “parturiente e/ou mãe” e “responsável legal e/ou pai” como forma de acomodar diferentes práticas familiares e evitar discriminação.
A Opinião dos Ministros
O ministro Gilmar Mendes inicialmente se posicionou a favor da mudança, recebendo à época apoio praticamente unânime de seus colegas. Contudo, na continuidade do julgamento, certos ministros manifestaram a importância de reavaliar a preservação dos termos tradicionais no documento. Um dos destaques foi o argumento apresentado por Nunes Marques, que defendeu o reconhecimento do direito das mulheres a serem identificadas como mães.
Divergências no Tribunal
Alguns ministros, como Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso, mostraram-se favoráveis a adaptar o documento em prol de uma maior diversidade e inclusão. No entanto, Edson Fachin ressaltou que o uso do termo “parturiente” já engloba o conceito de maternidade, mas reconheceu o valor cultural e emocional do termo “mãe”. Essas divergências fazem parte do debate mais amplo sobre identidade e reconhecimento legal no Brasil.
Implicações Sociais e Legais
Além de lidar com a DNV, a ação movida pelo PT também exige que o Sistema Único de Saúde (SUS) amplie seus serviços para incluir a população transexual de maneira mais abrangente. No contexto dessa demanda, já houve progressos, mas a expectativa é de que o STF forneça uma solução mais definitiva, que possa perdurar independentemente das mudanças políticas futuras.
O julgamento e sua resolução têm potencial para influenciar não apenas o registro civil, mas também o reconhecimento dos diversos modelos familiares presentes na sociedade contemporânea. Com a retomada do julgamento, o STF enfrenta a tarefa de equilibrar tradição, diversidade e direitos humanos em suas decisões jurídicas.