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O jogo do bicho é uma prática de loteria ilegal muito popular no Brasil, especialmente no Rio de Janeiro. Surgido no final do século XIX, ele se manteve ao longo do tempo devido à sua simplicidade e ao forte apelo popular. Sua ilegalidade, porém, não impediu que se tornasse parte da cultura carioca, sendo frequentemente associado a outras atividades ilícitas, como a corrupção e o crime organizado.
No entanto, a operação das bancas de jogo do bicho envolve uma complexa rede de atividades criminosas, incluindo subornos, chantagens e, em alguns casos, violência. Essa rede frequentemente se infiltra nos órgãos públicos, comprometendo a integridade das instituições e potencializando a prática de outros crimes.
Operação Último Ato e a Prisão de Rogério Andrade
Recentemente, o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) deu um passo importante na luta contra o crime organizado ao prender um dos mais notórios contraventores do jogo do bicho, Rogério Andrade. A prisão ocorreu no âmbito da Operação Último Ato, destacando a atuação e iniquidade do grupo liderado por Andrade.
Rogério Andrade, uma figura central no mundo do jogo do bicho, é acusado de chefiar uma organização criminosa que, além de explorar jogos ilícitos, estaria envolvida em corrupção, homicídios e lavagem de dinheiro. A operação destacou a colaboração de ex-policiais e ex-delegados, contratados como mercenários para eliminar adversários e consolidar o domínio da quadrilha sobre pontos estratégicos na cidade.
Como Funcionava a Rede de Crimes de Rogério Andrade?
A estrutura hierárquica da organização de Andrade era bem definida, com vários indivíduos desempenhando papéis específicos para assegurar o controle sobre operações ilegais. Gustavo Andrade, filho de Rogério, era uma peça-chave, agindo como um segundo em comando dentro dessa rede complexa.
Entre os participantes do grupo de extermínio, estavam figuras como o ex-PM Ronnie Lessa e a delegada Adriana Belém. Lessa foi condenado por outro crime notório, o assassinato da vereadora Marielle Franco, enquanto Belém é acusada de usar sua posição na polícia para facilitar operações ilegais.
O Assassinato de Fernando Iggnácio
Um dos casos mais chocantes relacionados às atividades de Andrade foi o assassinato de Fernando Iggnácio, um nome significativo dentro do mesmo universo criminal, por ser herdeiro de Castor de Andrade. Em 2020, Iggnácio foi emboscado e morto a tiros, em meio a um conflito pelo controle de interesses no submundo do jogo do bicho. Essa execução, cuidadosamente planejada, foi atribuída à quadrilha de Rogério Andrade por novas evidências apresentadas pelo Gaeco, uma força-tarefa do MPRJ.
Initialmente, em 2022, o Supremo Tribunal Federal (STF) arquivou as acusações por falta de provas, mas a reabertura do caso indica um avanço significativo nas investigações.
Impactos das Investigações e Futuro das Operações Ilícitas
As recentes operações do MPRJ, incluindo a Operação Calígula, evidenciam esforços contínuos para desarticular redes de crimes organizados no Rio de Janeiro. Embora Andrade tenha conseguido remover algumas restrições impostas, como a tornozeleira eletrônica, o foco renovado sobre suas atividades sugere que autoridades estão determinadas a coibir a impunidade.
A operação ressalta a importância de uma vigilância constante sobre a corrupção e o crime organizado. O resultado dessas ações poderá servir como um marco na luta contra essas práticas ao deixar claro que mesmo os mais poderosos não estão acima da lei.