Em um depoimento remoto à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Manipulação de Jogos e Apostas Esportivas, do Senado Federal, realizado na terça-feira, 8 de outubro, o empresário William Pereira Rogatto admitiu envolvimento em um esquema de manipulação de resultados no campeonato estadual do Distrito Federal conhecido como Candangão.
Confissões e Implicações no Futebol Brasileiro
William Rogatto reconheceu ter sido o mentor por trás do rebaixamento de 42 equipes de futebol no Brasil, além de afirmar que teria lucrado aproximadamente R$ 300 milhões com suas atividades ilícitas. Durante seu depoimento, ele se intitulou o “rei do rebaixamento” e justificou suas ações como uma exploração das falhas do sistema esportivo. “Não estou matando ninguém, roubando ninguém, o sistema é falho. Estou indo contra o sistema”, destacou Rogatto.
O empresário também revelou seu papel como gestor do clube Santa Maria, utilizando a estrutura do time para manipular resultados. Demonstrando arrependimento, Rogatto afirmou ter rebaixado o próprio clube no campeonato, e expressou um pedido público de desculpas: “Desculpa, mais uma vez, peço perdão para as pessoas”.
Segurança e Ofertas de Proteção
Sem fornecer provas concretas, William Rogatto indicou sua residência em Portugal, justificando que não podia divulgar todas as informações à CPI por receio de sua segurança pessoal. Impressionados pelo teor das confissões, os senadores ofereceram ao empresário uma delação premiada e inclusão no sistema de proteção à testemunha. No entanto, Rogatto recusou as propostas, considerando-as insuficientes para garantir sua proteção.
Relações com Denúncias de Manipulação no Brasileirão
Durante seu depoimento, Rogatto mencionou o empresário americano John Textor, que também levantou suspeitas sobre manipulação de jogos no Campeonato Brasileiro de 2022 e 2023. William Rogatto confirmou que algumas pessoas que atuaram em seu esquema também teriam trabalhado contra Textor, validando parcialmente suas alegações. “Chamam ele de louco, mas não é tão louco assim”, afirmou Rogatto, referindo-se a Textor.
Impactos e Repercussões
As declarações de William Pereira Rogatto destacam uma vulnerabilidade no sistema de competições desportivas do Brasil e levantam preocupações sobre a integridade dos campeonatos nacionais. A admissão de manipulação nos resultados evidencia a necessidade de revisões nos mecanismos de monitoramento e controle das apostas esportivas, que têm crescido exponencialmente no país.
O caso ressalta a urgência de políticas mais rigorosas para prevenir a manipulação de resultados e proteger a integridade das competições esportivas. As autoridades brasileiras enfrentam agora o desafio de abordar tais questões para evitar que esquemas semelhantes se repitam no futuro, comprometendo a confiança do público no esporte.