Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil
O levantamento realizado para analisar a disparidade salarial na América do Sul coloca o Brasil em destaque. No país, os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) estão entre os mais bem pagos da região, especialmente quando comparados à renda média per capita da população. Este cenário se repete em outras nações sul-americanas, mas com variações significativas de país para país. O levantamento foi feito pelo Poder 360.
No Brasil, os magistrados do STF recebem um salário bruto mensal de R$ 44.000, o que equivale a 2.281% em relação à média da população, que tem rendimentos de R$ 1.848 mensais. Essa situação coloca o país na segunda posição entre os mais desiguais em termos de salários judiciais na América do Sul.
Quais países têm maiores disparidades salariais?
O ranking de disparidades salariais é liderado pelo Peru, onde os ministros obtêm 43.220 sóis peruanos mensais, ou R$ 64.837, em comparação à média da população que ganha 1.496 sóis, aproximadamente R$ 2.245. Essa diferença atinge 2.788%, a maior entre os países analisados. Apesar dessas desigualdades, os dados de países como Venezuela e Equador não foram incluídos devido à dificuldade em obter informações confiáveis.
Comparação Salarial Absoluta entre os Magistrados
Uma análise mais ampla mostra que, em valores absolutos, os ministros brasileiros ainda têm uma remuneração superior quando comparados aos colegas de seis países vizinhos. No entanto, no Uruguai, Chile e Peru, os salários dos magistrados ultrapassam os valores brasileiros, com remunerações respectivamente de R$ 65.838, R$ 81.630 e R$ 64.837.
Por que o custo do Judiciário Brasileiro é tão elevado?
O Brasil não se destaca apenas pela remuneração de seus ministros, mas também pelo alto custo total de seu Judiciário, que utiliza 1,6% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional. Este percentual é significativamente superior à média internacional de 0,37%, posicionando o sistema judiciário brasileiro como um dos mais caros entre 53 países avaliados. Essas despesas incluem pagamentos e benefícios para funcionários públicos, como auxílio-creche e auxílio-moradia.
Desafios e perspectivas futuras
O debate sobre os valores pagos aos magistrados ganha novas dimensões diante do cenário econômico e social do país. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu em fevereiro a necessidade de um salário que esteja à altura da complexidade e responsabilidade da função, apesar das críticas em relação aos altos custos. Essa discussão é central para alinhar as expectativas públicas e os padrões de remuneração no setor judicial, buscando uma maior equidade econômica.