Reprodução/Secretaria Estadual de Saúde do RJ.
Um escândalo inédito no sistema de saúde do Rio de Janeiro resultou na interdição do laboratório Patologia Clínica Doutor Saleme (PCS-Saleme), após a descoberta de que exames sorológicos defeituosos levaram à distribuição de órgãos contaminados com HIV. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) anunciou a interdição do laboratório na última quinta-feira, com base em informações da Prefeitura de Nova Iguaçu.
Detalhes do caso
A interdição do PCS-Saleme ocorreu após a confirmação de que seis pacientes, que aguardavam transplantes organizados pela Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro (SES-RJ), receberam órgãos infectados com o vírus HIV. Este incidente marcou um evento sem precedentes na história dos transplantes no Brasil, e foi divulgado pela BandNews FM.
O ex-secretário de Saúde do Rio de Janeiro, atualmente deputado federal e líder do PP na Câmara, Doutor Luizinho, manifestou-se sobre o assunto, indicando que conhecia o laboratório há mais de três décadas. Ele declarou lamentar profundamente o ocorrido, acrescentando que, durante seu mandato, não participou da contratação do laboratório.
Investigações em curso
Segundo a SES-RJ, o erro originou-se no PCS-Saleme, que havia sido contratado de forma emergencial em dezembro do ano passado com um contrato de R$ 11 milhões para realizar exames de sorologia. Após as denúncias, as autoridades de saúde estadual e a Vigilância Sanitária interditaram o laboratório. Além disso, o Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (Cremerj) abriu uma sindicância para apurar as responsabilidades.
A Anvisa, por sua vez, identificou a ausência de kits para exames de sangue, além da falta de comprovantes de compra destes materiais. Isso levantou suspeitas sobre a realização correta dos testes sorológicos.
Ações e providências
Diante da gravidade dos casos, o governo estadual transferiu a responsabilidade dos testes sorológicos para o Hemorio, instituição pública de saúde. A mudança no procedimento começou a ser efetivada a partir do dia 13 de setembro, para assegurar a precisão dos exames de doadores futuros.
A SES-RJ criou uma comissão multidisciplinar com a missão de apoiar os pacientes afetados pelo erro e garantir que casos semelhantes não voltem a ocorrer. Além disso, está em andamento a reavaliação retrospectiva das amostras de sangue armazenadas de 286 doadores, como parte das medidas de contenção de danos.
Reação das autoridades e da sociedade
A dimensão do incidente gerou ampla repercussão, considerando o histórico de excelência do Estado do Rio de Janeiro em transplantes, responsável por salvar milhares de vidas desde 2006. As autoridades destacaram a necessidade urgente de reparação e transparência para manter a confiança pública no sistema de saúde.
As investigações pelos órgãos competentes continuam em curso, e a sociedade aguarda com expectativa o desenrolar e as conclusões do inquérito, que definirão punições para os responsáveis e medidas para evitar que erros dessa magnitude voltem a ocorrer.