Créditos: depositphotos.com / marcbruxelle
No campo dos tratamentos médicos, o medicamento Ozempic, cujo princípio ativo é a semaglutida, tem sido amplamente utilizado para o tratamento da diabetes tipo 2. No entanto, pesquisas recentes revelaram novos potenciais benefícios associados a esse fármaco. Estudos recentes indicam que o Ozempic e seus similares podem reduzir significativamente o risco de intoxicação por álcool entre indivíduos com transtorno por uso de álcool (TUA).
A pesquisa foi conduzida por uma equipe da Universidade Loyola Chicago, nos Estados Unidos, e publicada na revista científica Addiction. Além disso, evidências sugerem que medicamentos análogos ao hormônio GLP-1, como o Ozempic, podem diminuir notavelmente a taxa de overdose de opioides em pessoas com transtorno de uso de opioides. Estes achados são um importante avanço no entendimento das potenciais aplicações além do controle glicêmico.
Como o Ozempic impacta transtornos por uso de substâncias?
Os efeitos do Ozempic e de medicamentos semelhantes vão além do controle da glicemia em pacientes diabéticos. De acordo com os pesquisadores, esses medicamentos podem influenciar a via de recompensa do cérebro, conhecida como via mesolímbica, que é frequentemente alterada em indivíduos com vícios. Essa alteração é capaz de contrariar comportamentos impulsivos associados ao uso de substâncias.
O estudo realizado englobou uma análise de dados de mais de 1,3 milhão de pessoas, divididas entre transtornos por uso de opioides e álcool. Os resultados indicaram um impacto positivo, com potencial para revolucionar a prática clínica e política de saúde pública. A descoberta está alinhada com estudos anteriores em animais, que já demonstravam a eficácia dos medicamentos GLP-1 AR no tratamento de comportamentos agudos relacionados ao uso de substâncias.
Ozempic na prevenção de câncer
A investigação dos efeitos do Ozempic não se restringiu ao controle de vícios. Outro estudo, publicado na JAMA, indicou que medicamentos injetáveis usados para diabetes e obesidade, incluindo os análogos de GLP-1, podem reduzir o risco de até 10 tipos diferentes de câncer. A análise envolveu mais de 1,6 milhão de pacientes com diabetes tipo 2, tratados com insulina ou análogos de GLP-1, entre 2005 e 2018.
Os resultados demonstraram que os pacientes que receberam análogos do GLP-1 apresentaram um risco significativamente menor para diversos tipos de câncer, como o renal, pancreático e esofágico. Esses achados destacam uma possível ligação entre o tratamento da diabetes com análogos de GLP-1 e a prevenção de certos tipos de câncer, embora nem todos os tipos de câncer apresentem redução de risco significativa com o uso desses medicamentos.
Implicações futuras
As descobertas relacionadas ao Ozempic e seus efeitos na saúde sugerem inúmeras implicações que podem influenciar tratamentos futuros. O potencial para usar medicamentos análogos de GLP-1 como medida preventiva em condições oncológicas e em transtornos por uso de substâncias aponta para um novo horizonte em tratamentos multidisciplinares.
A adição de informações sobre a prevenção de câncer e redução do risco de overdose e intoxicação pode informar práticas clínicas e estratégias de saúde pública. No entanto, mais pesquisas são necessárias para entender plenamente os mecanismos por trás dessas descobertas e para determinar a eficácia e segurança a longo prazo dessa aplicação terapêutica.