Nessa terça (22), o presidente da Argentina, Javier Milei, anunciou a revogação de um decreto que concedia benefícios fiscais a clubes de futebol. Esta medida foi vista como uma forma de atrair capital externo para o mercado, aumentando os desentendimentos entre o governo argentino e a AFA (Associação de Futebol Argentino). Os clubes menores são os mais impactados pela nova decisão, já que o decreto anterior os isentava de certas contribuições sociais.
A decisão de Milei revoga o Decreto 1212/2003, instituído por Néstor Kirchner, que já havia sido cancelado anteriormente por Mauricio Macri e, posteriormente, restaurado durante a administração de Alberto Fernández. A revogação atual impõe um imposto de 7,5% sobre vendas de bilhetes, transferências de jogadores e direitos televisivos, alterando significativamente o ambiente fiscal dos clubes de futebol na Argentina.
Quais são os impactos da revogação para os clubes menores?
A remoção dos benefícios fiscais repercute principalmente nos clubes menores, que dependem fortemente desses incentivos para manter suas operações financeiras equilibradas. Com a elevação dos impostos, muitos desses clubes enfrentam o risco de aumento nos custos de operações, o que, por sua vez, pode levar a aumentos nos preços dos ingressos e maior pressão sobre os torcedores.
Dirigentes esportivos, incluindo Hugo Moyano, presidente do Independiente, e Rodolfo D’Onofrio, ex-presidente do River Plate, manifestaram preocupação. Eles argumentam que esta mudança pode ameaçar a sustentabilidade financeira dos clubes históricos, comprometendo sua competitividade e sobrevivência a longo prazo.
Por que a AFA se opõe à entrada de capital externo?
A AFA tem se colocado contra a entrada de capital externo por meio das Sociedades Anônimas Desportivas (SADs), apoiadas por Milei. A associação acredita que esta medida poderia desestabilizar o modelo de gestão tradicional dos clubes argentinos, que tem raízes culturais e históricas profundas no país. A introdução de SADs pode levar a uma mercantilização do futebol, afastando o esporte de seu caráter comunitário e social.
Economistas esportivos também alertam que a transição para uma nova estrutura pode desenraizar muitos clubes da sua base local, aumentando a desigualdade no desenvolvimento de jogadores e afetando negativamente as categorias de base.
Javier Milei justificou a sua decisão afirmando que a revogação do decreto promove uma gestão mais eficiente dos clubes, encorajando investimentos e a potencial melhora da infraestrutura esportiva. Esta visão é compartilhada por figuras como Mauricio Macri, que vê a mudança como um avanço necessário para se atingir um futebol de melhor qualidade.