Nesta sexta-feira (18/10), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) determinou a suspensão da venda, propaganda e uso de implantes hormonais manipulados, conhecidos popularmente como “chips da beleza”. Esses implantes, injetáveis de gestrinona – um derivado da testosterona –, são promovidos como soluções para o ganho de massa magra e alívio dos sintomas da menopausa. Contudo, a utilização desses hormônios para fins estéticos não possui comprovação científica de eficácia e está relacionada a sérios problemas de saúde.
A decisão da Anvisa foi, em parte, motivada pelo aumento significativo de complicações decorrentes do uso desses implantes. Relatos indicam que os “chips da beleza” estão associados a riscos elevados de problemas cardiovasculares, entre outros efeitos adversos. Este cenário levou a agência a intensificar suas ações regulatórias frente ao tema.
Quais são os riscos associados aos “chips da beleza”?
Os implantes hormonais de gestrinona têm sido ligados a diversas complicações de saúde em suas usuárias. Estudos e notificações apontam para um aumento na ocorrência de dislipidemia, hipertensão arterial, acidente vascular cerebral (AVC) e arritmias cardíacas. Além disso, efeitos colaterais como crescimento excessivo de pelos, queda de cabelo, acne, alteração vocal, insônia e agitação têm sido registrados. Esses riscos foram fundamentais para a decisão da Anvisa em suspender essas substâncias no mercado brasileiro.
Reações da comunidade médica e científica
A medida da Anvisa foi apoiada por várias entidades médicas, como a Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), que tem expressado preocupação contínua com a segurança dos implantes. A presidente da Febrasgo, Maria Celeste Wender, destacou a falta de controle sobre os componentes inseridos nesses implantes e a ausência de pesquisas robustas que validem sua segurança e eficácia.
Anteriormente, o Conselho Federal de Medicina (CFM) já havia se pronunciado contra o uso estético dos esteroides, frisando que o implante de gestrinona não é reconhecido como uma prática terapêutica. É consenso entre federações médicas globais que não há justificativas éticas ou científicas para o uso desses chips com fins estéticos, corroborando a necessidade de regulamentações mais rígidas.
O papel da Anvisa na regulamentação de medicamentos
A Anvisa desempenha um papel crucial na proteção da saúde pública ao fiscalizar a comercialização e uso de medicamentos e terapias no Brasil. Neste contexto, a agência reitera a importância de notificar eventos adversos associados aos “chips da beleza”, incentivando pacientes que experimentaram tais efeitos a relatar suas experiências. Farmácias que descumprirem a suspensão podem enfrentar severas penalidades, enfatizando a rigorosidade do órgão em questões de segurança.
Essa decisão ocorre em resposta a apelos de diversas entidades médicas que, ainda em dezembro do ano passado, solicitaram uma intervenção mais ativa da Anvisa nesse contexto. As entidades criticaram a ampla divulgação desses produtos nas redes sociais, que frequentemente ocorre sem respaldo científico adequado.