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O ex-boxeador Maguila, um ícone do esporte brasileiro, teve seu cérebro doado para estudos científicos após seu falecimento. A doação destina-se ao único banco nacional de cérebros, localizado na Universidade de São Paulo (USP), que visa estudar doenças neurológicas. Este gesto ressalta a relevância de pesquisas voltadas para condições como a Encefalopatia Traumática Crônica (ETC), mal que afligiu Maguila e é comum em esportes de contato.
A decisão de doar o cérebro foi tomada enquanto Maguila ainda estava vivo, segundo sua esposa, Irani Pinheiro. Tal iniciativa segue exemplos semelhantes de outros esportistas brasileiros, como o jogador de futebol Bellini e o pugilista Éder Jofre. Estas doações são cruciais para o avanço dos estudos neurológicos, potencializando a busca por tratamentos e, possivelmente, curas para condições complexas.
Decisão da viúva
Irani Pinheiro, viúva de Maguila, abriu o coração e falou sobre os últimos momentos do ex-lutador, que morreu nesta quinta-feira (24/10), aos 66 anos. Ele sofria de Encefalopatia Traumática Crônica (ETC); trata-se de uma doença incurável, similar ao mal de Alzheimer, causada por golpes frequentes na cabeça – motivo pelo qual atinge muitos lutadores. A viúva decidiu doar o cérebro do marido para estudos sobre doenças neurológicas, destacando a importância da pesquisa na compreensão de condições como a ETC, frequentemente associada a esportes de combate.
No Brasil, a doação de órgãos e tecidos, incluindo o cérebro, é regulamentada pela Lei de Transplantes e requer consentimento da família. A iniciativa de Irani não apenas honra a memória de Maguila, mas também contribui para avanços científicos que podem beneficiar muitos outros.
Importância da doação de cérebro para a ciência
A doação do cérebro de Maguila é significativa para a comunidade científica, pois contribui com pesquisas sobre a ETC, doença associada a traumas cranianos repetidos. O neurologista Renato Anghinah, responsável pelo tratamento de Maguila, acredita que tal gesto auxilia na compreensão dos mecanismos da doença e na busca por soluções terapêuticas.
O banco nacional de cérebros, administrado pelo Laboratório de Fisiopatologia no Envelhecimento (Gerolab) da Faculdade de Medicina da USP, contém mais de dois mil órgãos. Esse vasto acervo possibilita comparar diagnósticos realizados em vida com análises póstumas, oferecendo insights valiosos sobre condições como a ETC e o Alzheimer.
Como é realizada a doação de cérebro?
O procedimento de doação é meticulosamente conduzido para preservar a integridade do órgão e permitir análises detalhadas. Inicialmente, o corpo é levado ao Serviço de Verificação de Óbitos (SVO), onde um técnico qualificado realiza a remoção do cérebro com cuidado. Após a extração, o cérebro é submetido a um processo de fixação química, essencial para garantir que o órgão esteja em condições adequadas para ser cortado em lâminas finas e analisado microscopicamente.
Tornar-se doador de órgãos no Brasil é um processo importante e pode salvar muitas vidas. Aqui está um passo a passo para se tornar doador:
1. Informar-se sobre a doação de órgãos
- Aprenda sobre o que é a doação de órgãos, quais órgãos podem ser doados e o processo envolvido.
2. Manifestar a vontade
- É fundamental comunicar sua decisão de ser doador aos familiares e amigos. No Brasil, a família deve consentir a doação, mesmo que você tenha expressado seu desejo em vida.
3. Registrar a vontade
- Embora não seja obrigatório, você pode registrar sua intenção em um documento, como um testamento ou uma declaração de vontade, e deixar em um local acessível para a família.
4. Informar o Cartório
- Algumas pessoas optam por registrar a doação em cartório, onde é possível formalizar a intenção.
5. Participar de campanhas de conscientização
- Envolva-se em campanhas que promovem a doação de órgãos, ajudando a espalhar a informação e a importância do tema.
6. Manter-se atualizado
- Acompanhe as notícias e mudanças na legislação sobre doação de órgãos e transplantes no Brasil.
7. Ensinar e compartilhar
- Converse sobre o tema com amigos e familiares, ajudando a desmistificar a doação de órgãos e incentivando mais pessoas a se tornarem doadoras.
Impacto da pesquisa em doenças neurológicas no Brasil
Historicamente, o Brasil dependia de instituições internacionais para o estudo de cérebros em casos de doenças neurológicas complexas. Contudo, o desenvolvimento de tecnologias nacionais possibilita que o estudo ocorra internamente, favorecendo uma análise mais extensa e aprofundada. Esta autonomia tecnológica permite maior agilidade e precisão nos diagnósticos e amplia a capacidade de inovação na descoberta de tratamentos.
A contribuição de Maguila e outros esportistas demonstra a importância dos esforços colaborativos entre ciência e sociedade. A educação sobre a relevância dessas doações pode potencialmente aumentar o número de contribuintes, resultando em maiores avanços na compreensão de doenças neurológicas.