Na recente disputa pela prefeitura de São Paulo, o PT tomou a inédita decisão de não liderar a chapa. Em um movimento sem precedentes nos últimos quarenta anos, o partido optou por apoiar a candidatura de Guilherme Boulos, do PSOL, com o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Essa escolha, no entanto, não esteve livre de divergências internas, expondo cismas dentro do partido que ainda reverberam entre seus membros.
Segundo O Globo, a decisão de apoiar Boulos gerou insatisfação em diversas figuras importantes do PT, que questionaram tanto a escolha do candidato quanto a estratégia eleitoral adotada. Washington Quaquá, vice-presidente do partido e recém-eleito prefeito de Maricá, foi um dos mais críticos, destacando que a coalizão com Boulos parecia condenada ao fracasso desde o início. Outros membros do partido também manifestaram esse descontentamento, enfatizando a necessidade de uma candidatura mais alinhada com o eleitorado centrista da cidade.
Por que a escolha de Boulos gerou descontentamento dentro do PT?
Os resultados das eleições mostraram que Boulos obteve 40,65% dos votos, enquanto Ricardo Nunes, do MDB, foi eleito com 59,35%. Essa derrota reforçou a visão de lideranças petistas que argumentavam sobre a inadequação do perfil de Boulos para o eleitorado paulistano. Muitos acreditavam que um candidato mais ao centro, como sugerido por outros membros do partido, poderia ter tido melhor desempenho nas urnas.
A crítica à escolha de Boulos se baseia, principalmente, na percepção de que sua candidatura teria um “teto” de apoio limitado ao espectro mais à esquerda do eleitorado. Lideranças dentro do PT, como o secretário de Comunicação, Jilmar Tatto, ressaltaram que o partido deveria ter indicado um nome capaz de dialogar mais amplamente com o eleitorado, considerando a postura de centro-direita vigente na prefeitura de São Paulo.
Qual é o futuro político de Guilherme Boulos?
Embora a campanha de Boulos tenha sido apoiada por Lula e tenha sido uma das mais caras da história recente da capital paulista, seu futuro político permanece incerto. Em 2020, Boulos já havia sido derrotado por Bruno Covas, e agora enfrenta novamente reflexões sobre seus passos futuros. Com as eleições de 2026 no horizonte, especula-se sobre suas possíveis candidaturas ao Senado, ao governo estadual ou mesmo a uma nova disputa pela Câmara dos Deputados.
No entanto, qualquer aspiração futura de Boulos dependerá de negociações internas e do espaço que lhe será cedido dentro da aliança entre PSOL, PT e outros partidos aliados. Figuras petistas, como Jilmar Tatto, levantam dúvidas sobre a viabilidade de Boulos conquistar cargos políticos de maior projeção, sugerindo que seu papel mais adequado seria continuar na Câmara, liderando iniciativas vinculadas ao PSOL.
Próximo ciclo eleitoral
O caso da candidatura de Boulos traz à tona uma questão crucial para o PT: a necessidade de reavaliar suas estratégias e escolhas de candidatos para futuras eleições. O debate sobre apoiar candidatos de fora do partido continuará a ser uma questão delicada, especialmente à medida que se aproximam as eleições de 2026. Enquanto alguns líderes defendem a abertura para alianças fora do partido, outros ainda preferem manter o PT na liderança das chapas, acreditando que isso mantém a força e a identidade partidária.
A decisão sobre o perfil dos candidatos a serem apoiados em futuras eleições, portanto, será fundamental para reposicionar o PT no cenário político nacional e local. Uma coisa é certa: as alianças políticas na cidade de São Paulo estão em constante evolução, e as próximas estratégias dependerão profundamente das dinâmicas internas do partido e da interpretação dos resultados eleitorais recentes.