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Em Belo Horizonte, a preocupação com o superfungo Candida auris cresceu significativamente após a confirmação de quatro casos de infecção até a última quinta-feira. Estas ocorrências foram registradas no Hospital de Pronto Socorro (HPS) João XXIII, onde outras 24 pessoas aguardam os resultados dos testes para confirmação diagnóstica. Este cenário alarmante mobilizou a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para trabalhar de forma colaborativa com o governo estadual e especialistas, com o intuito de controlar a disseminação deste patógeno.
Medidas de Controle e Prevenção
A Anvisa tem sido proativa em relação à Candida auris, monitorando sua ocorrência em serviços de saúde em todo o Brasil. Reuniões com a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), representantes do hospital e estudiosos têm sido frequentes, com foco na implementação de medidas para controlar o surto. A agência divulgou uma nota técnica em 2022 com diretrizes para identificação e manejo da infecção, documento que atualmente está sendo revisado para atualizações.
Além disso, a Anvisa disponibilizou um painel na internet para o monitoramento nacional dos casos de Candida auris, proporcionando um panorama atualizado da situação no país. Este recurso visa auxiliar profissionais de saúde no acompanhamento do surto e na implementação de estratégias de contenção.
Desafios no Diagnóstico e Tratamento
O diretor da Sociedade Mineira de Infectologia, Estevão Urbano, destacou os desafios impostos pelo superfungo. Segundo Urbano, o Candida auris é especialmente problemático por sua resistência a diversos fungicidas e pela dificuldade de identificação pelos exames de laboratório disponíveis. Isso aumenta o potencial para graves problemas de saúde pública, uma vez que suas taxas de mortalidade podem ser elevadas.
A transmissão ocorre principalmente em ambientes hospitalares, de pessoa para pessoa. Grupos vulneráveis, como imunodeprimidos, crianças, idosos e pacientes em quimioterapia, estão sob maior risco. Urbano enfatiza a importância da higiene rigorosa, especialmente a lavagem das mãos, como principal medida preventiva contra a disseminação do fungo.
Resistência a Tratamentos
O tratamento de infecções causadas por Candida auris é complexo. O superfungo produz uma camada protetora chamada biofilme, que o torna resistente aos principais medicamentos antifúngicos, como o fluconazol, anfotericina B e equinocandina. Assim, pacientes infectados necessitam de um tratamento com múltiplos antifúngicos eficazes, demandando um cuidado médico especializado e contínuo.
Ações no Hospital João XXIII
Em resposta ao surto, o Hospital João XXIII implementou uma série de medidas de controle de infecção. Entre elas, incluem-se a higienização rigorosa das mãos, precauções de contato como o uso de luvas e aventais para manuseio dos casos suspeitos, e testes sistemáticos para identificação de novos casos. A Secretaria de Estado de Saúde destacou o compromisso com a proteção de pacientes e profissionais dentro da unidade hospitalar.
O controle eficaz da Candida auris em ambiente hospitalar permanece um desafio contínuo para as autoridades de saúde, exigindo vigilância constante e cooperação entre diferentes entidades de saúde pública para garantir a segurança dos pacientes e a contenção do superfungo.