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Recentemente, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, enfrentou críticas de seus colegas do Partido dos Trabalhadores (PT) devido à sua abordagem na crise das queimadas. Apontaram que, apesar de seu prestígio e conhecimento, falta à ministra uma atitude mais prática e executiva, especialmente em um momento crítico como este.
Diversos parlamentares sugerem que Marina tem se mostrado mais acadêmica do que operacional no combate às queimadas, o que, segundo eles, compromete a eficácia das ações necessárias para enfrentar a crise. As críticas refletem uma crescente preocupação dentro do partido sobre a capacidade de resposta às emergências ambientais.
Resistência no Congresso
Além das críticas internas no PT, a resistência às propostas de Marina Silva também é significativa no Congresso. As iniciativas ambientalistas defendidas pela ministra, como a criação de uma autoridade climática subordinada ao Ministério do Meio Ambiente, têm gerado um grande desconforto entre os parlamentares e dentro do próprio governo.
Por Que a Proposta Enfrenta Tanta Oposição?
Um dos principais opositores, o ministro Rui Costa (Casa Civil), argumenta que a proposta de autoridade climática teria dificuldades para ser aprovada no Congresso. A redistribuição de importantes estruturas como o Cadastro Ambiental Rural (CAR) e a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) para outras pastas foi um claro indicativo da resistência política às iniciativas de Marina.
Reconhecimento das Dificuldades Atuais
Apesar das críticas contundentes, alguns membros do PT reconhecem a complexidade e inesperada natureza da crise das queimadas e da seca em 2024. Tanto Marina Silva quanto o presidente Lula admitiram que os esforços dos governos federal, estaduais e municipais não foram suficientes para mitigar a situação, apesar dos alertas contínuos dos especialistas.
O Brasil está passando pela pior seca desde os anos 1950, o que tem intensificado dramaticamente as queimadas. Mesmo com um aumento significativo no orçamento e na estrutura para combater o problema, as respostas do governo não têm sido suficientes para controlar a crise.
Debate Interno no PT sobre a Liderança de Marina Silva
No seio do PT, as reações à atuação de Marina são mistas. Há quem defenda uma abordagem mais robusta e colaborativa, envolvendo governadores, setores empresariais e agrícolas, e um aumento na rigorosidade das ações policiais contra queimadas. Outros, no entanto, acreditam que Marina Silva é a figura mais adequada para liderar a pauta ambiental no país, dadas suas credenciais e histórico no movimento ambientalista.
Nilto Tatto (PT-SP) é um dos que apoiam Marina Silva. Ele argumenta que a resistência no Congresso não é especificamente contra a ministra, mas contra a própria agenda ambiental que ela representa. “Às vezes falam que ela tem problema com o Congresso. Mas o problema [da bancada ruralista, predominante no Legislativo] não é com ela, é com a agenda ambiental. Nem se colocassem Jesus Cristo”, disse Tatto.
- Para Tatto, Marina está fazendo o melhor que pode dentro das circunstâncias. “Ela está fazendo tudo aquilo que está ao alcance dela. Nem a ciência projetava isso. Eu tenho muito diálogo com ela. Ela sempre se colocou à disposição, a todo momento.”
- Leonardo Monteiro (PT-MG) também elogiou o empenho da ministra, sublinhando que ela está trabalhando arduamente para superar os desafios.
A equipe de reportagem da Folha de S.Paulo tentou obter uma declaração de Marina Silva via Ministério do Meio Ambiente, mas não houve resposta até o momento.