O setor automotivo brasileiro, mesmo enfrentando desafios significativos, destacou um desempenho positivo nos últimos meses. Márcio de Lima Leite, presidente da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), ressaltou a necessidade de um ajuste imediato no imposto de importação de veículos, elevando-o para 35%, para conter o aumento das importações de carros eletrificados da China.
Em agosto de 2023, a produção de veículos no Brasil atingiu 259,6 mil unidades, o melhor resultado desde outubro de 2019. Além disso, as vendas diárias mantiveram-se na média de cerca de 11 mil unidades. No entanto, o grande estoque de carros eletrificados chineses, que chegou a 86,2 mil unidades em julho, é motivo de preocupação.
Impacto dos carros elétricos importados da China
A importação de carros eletrificados produzidos na China tem se beneficiado de uma alíquota mais baixa, graças ao arrefecimento do mercado chinês. Esse aumento nas importações criou um desequilíbrio no mercado brasileiro. Leite enfatizou que o retorno imediato da alíquota de 35% é crucial para proteger a indústria nacional e evitar um desequilíbrio de mercado excessivo.
Qual a resposta da indústria ao aumento das importações?
Desde janeiro de 2024, a tarifa de importação de veículos começou a ser reintroduzida gradualmente, mas o setor ainda enfrenta desafios. Montadoras novas no Brasil, como BYD e GWM, têm aproveitado essa janela para aumentar suas importações antes da tarifa completa ser aplicada. Esse comportamento oportunista está colocando pressão sobre os fabricantes locais.
Os estoques de veículos eletrificados chineses não são contabilizados no estoque tradicional do setor, que somou 268,9 mil veículos em agosto. Esse aumento em relação aos 255,8 mil de julho evidencia a necessidade de uma abordagem mais rigorosa para a gestão das importações.
Quais são as perspectivas para o setor em termos de crescimento?
Apesar dos desafios, a produção de veículos no Brasil aumentou 5,2% em agosto comparado a julho, totalizando 259,6 mil unidades. Em relação a agosto do ano anterior, houve um crescimento de 14,4%. No acumulado de 2024, a produção atingiu 1,64 milhão de veículos, um aumento de 6,6% em comparação com o mesmo período de 2023. A Anfavea prevê que a produção anual alcance 2,44 milhões de veículos, um crescimento de 4,9%.
As vendas de veículos novos totalizaram 237,4 mil unidades em agosto, uma leve queda de 1,6% em relação a julho, mas um aumento de 14,3% comparado ao mesmo mês de 2023. A média diária de vendas foi de 10,8 mil unidades, um aumento de 19,5% em relação a agosto de 2023. No acumulado do ano, foram vendidos 1,62 milhão de veículos, um aumento de 13,3% em comparação aos primeiros oito meses de 2023, com expectativa de crescimento anual de 10,9%, chegando a 2,56 milhões de unidades.
- Produção de veículos em agosto: 259,6 mil unidades
- Vendas de veículos novos em agosto: 237,4 mil unidades
- Estoque de veículos eletrificados chineses em julho: 86,2 mil unidades
- Aumento de produção acumulada em 2024: 6,6%
Como a tributação e as exportações estão influenciando o mercado?
O aumento da tributação sobre veículos importados, que começou no início de 2024, impactou a participação dos modelos importados no mercado interno. Em agosto, a participação desses modelos permaneceu em 17,1%, uma redução em comparação aos 19,5% registrados em janeiro.
As exportações do setor automotivo aumentaram 10,6% em agosto comparado ao mesmo mês de 2023, totalizando 38,2 mil veículos. Esse crescimento ajudou a reduzir a queda acumulada no ano para 17,9%, com 242,6 mil veículos exportados. O desempenho positivo foi impulsionado principalmente pelas vendas para Argentina, México, Chile e Colômbia.
O que o futuro reserva para o setor automotivo no Brasil?
A Anfavea continua pressionando por ajustes na alíquota de importação para 35%, argumentando que o volume de carros eletrificados chineses pode prejudicar a indústria nacional. Este esforço vem em um momento crucial para a indústria automotiva do Brasil, que busca equilibrar a produção local com importações crescentes.
O setor automotivo brasileiro está em uma fase de reinvenção, tentando equilibrar a competitividade global e a sustentabilidade do mercado interno. A estratégia para os próximos anos envolverá um cuidadoso balanço entre políticas de importação e incentivos para a produção local, visando consolidar o crescimento e a inovação na indústria automotiva nacional.