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Porto Velho, a capital de Rondônia, está enfrentando uma grave crise ambiental. Por mais de um mês, a cidade tem sido assolada por intensas queimadas, e a fumaça resultante dessas práticas está causando enormes problemas de saúde para seus 460 mil habitantes. Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostram que, entre 1º de janeiro e 26 de agosto de 2024, foram registrados 5.513 focos de queimadas em Rondônia, um aumento alarmante em comparação com os anos anteriores.
O aumento de 144% em relação aos focos registrados no mesmo período em 2023 levou o governo estadual a tomar medidas drásticas. Foi declarado estado de emergência e proibido o uso de fogo em qualquer atividade por 90 dias, em uma tentativa de conter a crise e proteger a saúde pública.
Qualidade do ar em Porto Velho: Uma preocupação urgente
Em agosto, a qualidade do ar em Porto Velho foi classificada como “insalubre” pela IQAir, uma empresa suíça que monitoriza a poluição aérea globalmente. Esse cenário tem consequências diretas na saúde dos moradores, que enfrentam dificuldades respiratórias e outros problemas de saúde.
Segundo relatos de residentes, como o cantor Hélio Costa, a situação é desesperadora. Ele descreve um ambiente onde andar pelas ruas se tornou impraticável devido à densa fumaça. “As pessoas estão usando máscaras, as aulas foram suspensas várias vezes. É impossível, insuportável andar nas ruas, muita fumaça”, relata. As condições adversas também têm impactado significativamente os serviços de saúde, que estão sobrecarregados.
Como a seca aumenta a gravidade das queimadas?
Além da fumaça, Porto Velho enfrenta uma severa estiagem. A cidade está há mais de 100 dias sem uma chuva significativa, e a última precipitação relevante foi registrada em 25 de maio de 2024. A seca prolongada tem agravado os efeitos das queimadas e levado a uma escassez crítica de água, especialmente em comunidades ribeirinhas que dependem do Rio Madeira.
No início de setembro, o nível do Rio Madeira atingiu apenas 1,02 metro, o menor já registrado desde 1967, conforme dados do Serviço Geológico do Brasil (SGB). Para se ter uma ideia, o nível previsto para esta época do ano é de cerca de 3,80 metros, indicando uma situação crítica de seca.
Impacto na geração de energia: alerta vermelho
A seca não afeta apenas o abastecimento de água, mas também a geração de energia. O Rio Madeira é fundamental para as operações das usinas hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio, que juntas representam cerca de 7% da capacidade energética do Brasil. A Agência Nacional de Águas (ANA) já emitió alertas sobre a possibilidade de paralisação da usina de Santo Antônio devido à baixa vazão do rio.
Este cenário põe em risco não só a estabilidade energética da região, mas também pode afetar a economia local e nacional, ressaltando a necessidade urgente de medidas para combater os efeitos tanto da seca quanto das queimadas.
Recomendações do Ministério da Saúde para enfrentar a crise
O Ministério da Saúde divulgou uma série de recomendações para a população enfrentar a poluição causada pelas queimadas e proteger sua saúde:
- Ingerir muita água para manter as vias respiratórias úmidas e protegidas.
- Permanecer em ambientes internos, preferencialmente com janelas fechadas e uso de ar condicionado com filtros de ar.
- Evitar a prática de atividades físicas ao ar livre.
- Manter portas e janelas fechadas durante períodos de alta concentração de poluentes.
- Não consumir alimentos, bebidas ou medicamentos que tenham sido expostos à fumaça.
- Utilizar máscaras do tipo N95, PFF2 ou P100 para reduzir a inalação de partículas perigosas.
Essas orientações são cruciais para minimizar os danos à saúde causados pela poluição do ar e assegurar um ambiente mais seguro para todos os moradores de Porto Velho durante esta crise ambiental.