Foto: Arquivo pessoal
“A sensação que eu e minha família temos hoje é de que a justiça foi feita e que finalmente teremos paz,” disse Gislayne Silva em entrevista ao g1. Raimundo Alves Gomes estava foragido desde 2016, quando teve o primeiro mandado de prisão expedido. O criminoso foi julgado e sentenciado em 2013 pelo Tribunal do Júri de Roraima, 14 anos após o crime, e foi condenado a 12 anos de prisão pelo homicídio. O caso transitou em julgado no mesmo ano.
Na quinta-feira, além de passar por audiência de custódia, na qual sua prisão foi mantida, Raimundo foi encaminhado para o sistema prisional do estado. O g1 procurou a defesa dele, que informou que não irá se manifestar no momento.
Policial Ajuda a Prender Assassino do Próprio Pai 25 Anos Após o Crime
O caso aconteceu em 16 de fevereiro de 1999, quando Gislayne, então com 9 anos, perdeu o pai, Givaldo José Vicente de Deus, aos 35 anos. Givaldo estava em um bar quando foi assassinado com um tiro durante uma briga por uma dívida de R$ 150 com Raimundo Alves Gomes. O crime ocorreu no bairro Asa Branca, na zona Oeste de Boa Vista. Raimundo levou a vítima ao hospital, mas fugiu logo em seguida, deixando cinco filhas órfãs de pai.
Quem é Gislayne Silva?
Aos 18 anos, em 2007, Gislayne começou a cursar Direito em uma faculdade particular. Sete anos depois, ela se formou advogada e, ainda sem planos de seguir carreira policial, prestou concurso e foi aprovada. Em 2022, ingressou na polícia penal de Roraima e atuou na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo e no Departamento do Sistema Prisional (Desipe), inclusive durante sua gravidez. Ela contou que ao trabalhar na unidade prisional, imaginava ver o assassino do pai preso.
Como Foi a Prisão do Assassino?
Um ano após ingressar na polícia penal, Gislayne foi aprovada no concurso público da Polícia Civil e, em 19 de julho de 2024, assumiu como escrivã. Ao ingressar na corporação, ela pediu para ser lotada na Delegacia Geral de Homicídios (DGH), acreditando que poderia encontrar e prender o autor do crime. No departamento, Gislayne reuniu informações sobre o paradeiro de Raimundo e localizou o último mandado de prisão, expedido em 2019.
A prisão foi realizada por policiais da Delegacia Geral de Homicídios na noite de 25 de outubro, em uma chácara no bairro Nova Cidade, também na zona Oeste de Boa Vista. O crime de homicídio prescreve após 20 anos a partir da sentença condenatória, caso a pena seja maior que 12 anos. No caso de Raimundo, a prescrição seria em 16 anos a contar da conclusão do julgamento, ou seja, em 2029 — faltando cinco anos para que isso acontecesse.
Sensação de Justiça Feita
Para Gislayne, a condenação só foi possível graças à insistência de sua família, que nunca desistiu. “Nossa participação em buscar justiça e não deixá-lo impune tem sido constante. Se não estivéssemos lá, não teria ocorrido o júri, e o promotor poderia ter pedido absolvição. A condenação se deu porque não deixamos passar impune,” declarou.
Para ela, a sensação é de justiça feita. “Isso não trará nosso pai de volta, mas ele cumprirá a pena que deveria há anos,” afirmou.