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O governo federal destinou um montante significativo para a prevenção e controle de incêndios florestais em 2023. Com um valor total de R$ 63,5 milhões, houve um aumento de 26,2% em relação ao ano anterior, ajustado pela inflação, conforme os dados do Portal da Transparência.
Além disso, o número de focos de incêndio registrados reduziu em 5,7% de 2022 para 2023, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). No entanto, essa redução não acompanhou o aumento dos gastos de forma proporcional. Em 2024, esses números dispararam, e a situação se tornou ainda mais preocupante.
Prevenção e controle de incêndios florestais
Entre 2017 e 2018, observou-se uma queda nas despesas do governo relacionadas à prevenção e controle de incêndios florestais. Em 2017, foi registrado o menor valor da série histórica, com um total de R$ 29,9 milhões. É evidente que, nos últimos anos, houve uma retomada dos investimentos nessa área, mas especialistas ainda consideram esses esforços insuficientes.
Por que a prevenção de incêndios florestais é insuficiente?
Especialistas afirmam que, apesar do aumento nos investimentos, a prevenção de incêndios florestais ainda é insuficiente no Brasil. Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima, declarou que os recursos são limitados e que é necessário um esforço maior para combater esse problema.
Os fundos para prevenção e combate aos incêndios em florestas são alocados pelo Ministério do Meio Ambiente. Embora o aumento nas verbas tenha sido elogiado, existe a necessidade de coordenação entre diferentes ministérios, como os da Justiça, Agricultura e Minas e Energia, para abordar o problema de maneira mais ampla.
Melhores formas de prevenir incêndios
Segundo especialistas, a melhor maneira de evitar incêndios e os custos elevados associados a eles é investir em medidas que combatam diretamente os crimes ambientais. Essa estratégia pode incluir investigações rigorosas e ações penais contra os responsáveis por incêndios intencionais.
Além disso, o professor Guarany Osório, da Fundação Getulio Vargas (FGV), reforça a necessidade de um investimento contínuo e coordenado que envolva tanto o governo federal quanto os entes federados. A seca extrema que o Brasil enfrenta exige medidas preventivas e reativas robustas.
Os incêndios florestais tendem a aumentar com eventos climáticos extremos. Secas e calor intenso, ambos previstos para se tornarem mais frequentes, intensificam a necessidade de um foco contínuo e sustentado em prevenção e controle.
Situação atual no Brasil
O Brasil enfrenta a pior seca desde o início dos registros históricos em 1950, segundo o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden). Essa seca é mais severa do que as ocorridas em 1998 e 2015/2016, afetando 58% do território nacional.
Mapas enviados pelo Cemaden ilustram o agravamento da seca nos últimos 13 anos. Em 2024, o fenômeno atingiu uma área significativamente maior do território do que em anos anteriores, com impactos graves na economia e na saúde pública.
Autoridades reconhecem a gravidade da situação. O secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, João Ribeiro Capobianco, afirmou que as estratégias atuais de combate às queimadas são insuficientes. Uma coordenação mais estreita entre diferentes setores do governo é essencial para enfrentar essa crise.
Medidas governamentais e futuras ações
O Ministério do Meio Ambiente tem tomado medidas para enfrentar o problema. De acordo com a pasta, a resposta federal é coordenada por uma sala de situação de ministros para prevenção e controle de incêndios e secas, criada em junho.
Entre as ações estão:
- Emprego de mais de 4.300 funcionários e 3.000 brigadistas do Ibama e ICMBio, com contratações temporárias autorizadas para 20 estados;
- Deployment de 842 funcionários e 18 aeronaves no combate aos incêndios no Pantanal, além de 436 brigadistas no Cerrado;
- Sancionamento de leis e medidas, incluindo um decreto que autorizou R$ 137 milhões para prevenção e combate no Pantanal.
Especialistas alertam que eventos climáticos adversos, como secas e calor extremo, serão mais frequentes. Assim, é crucial investir sem arrependimento em uma agenda pública focada na prevenção e controle de incêndios florestais e adaptação às mudanças climáticas.