Apesar de muito caros, os carros usados e seminovos continuam a ser uma escolha popular no Brasil. Entre os meses de janeiro e agosto deste ano, as vendas atingiram um número recorde, superando as 10 milhões de unidades. Segundo a Fenauto, a associação dos revendedores de veículos, essa quantidade representa um aumento de 8,4% em comparação com o mesmo período do ano passado.
A Fenauto informou que, no acumulado do ano, foram vendidas 10.238.396 unidades. Esse aumento expressivo é um reflexo do valor elevado dos carros zero quilômetro, levando muitas pessoas a buscarem alternativas mais econômicas. Enilson Sales, presidente da Fenauto, acredita que, apesar das eleições em outubro, o mercado manterá um desempenho positivo até o fim do ano.
Quais são os desafios dessa alta nas vendas?
A alta nas vendas de carros usados pode parecer uma boa notícia, especialmente para a economia. No entanto, essa situação também revela problemas, como a idade avançada da frota de veículos. Com o preço elevado dos carros novos, os consumidores optam por veículos mais antigos. Estudos apontam que um terço dos carros vendidos tem mais de 13 anos.
Por que os carros usados estão mais caros?
O aumento dos preços dos carros usados pode ser explicado pela alta demanda e pela dinâmica do mercado. Segundo Enilson Sales, “os veículos usados estão sobrevalorizados devido ao giro rápido dos estoques das lojas”. Isso significa que, devido à necessidade de repor os estoques rapidamente, os lojistas acabam comprando os veículos por preços mais altos, o que se reflete no valor final para o consumidor.
- Um exemplo é o Renault Kwid 2021, que pode ser encontrado por cerca de R$ 50 mil.
- O aumento dos preços está presente em todos os segmentos, desde os seminovos até os veículos mais antigos.
O que está impulsionando esse fenômeno?
Milad Kalume Neto, consultor independente do mercado automotivo, aponta que os altos preços dos carros novos estão forçando os consumidores a buscar alternativas no mercado de usados. Ele explica que “o aumento de preço acontece por causa da maior procura pelos usados, e isso acontece em todos os segmentos, que vão dos seminovos aos mais velhinhos”.
De acordo com Kalume Neto, os carros novos estão com valores exorbitantes, com preços que podem ultrapassar os R$ 72 mil, o que corresponde a mais de 50 salários mínimos. Com juros altos e crédito restrito, muitos clientes encontram a solução no mercado de usados.
O que podemos esperar para o futuro?
As expectativas para o mercado de carros usados no Brasil são de contínuo crescimento. Enilson Sales projeta que 2024 poderá fechar com aproximadamente 15,5 milhões de unidades vendidas, caso as condições econômicas se mantenham favoráveis. É claro que, com a alta demanda, os preços devem continuar elevados, mas o mercado de usados proporciona uma alternativa viável para aqueles que procuram um veículo sem gastar uma fortuna.