A Justiça Eleitoral do Pará condenou o ex-deputado federal Wladimir Costa a 12 anos de prisão por uma série de crimes, incluindo violência política, violência de gênero, perseguição política, violência psicológica contra mulher, extorsão, injúria e difamação majorada. Wlad Costa pode recorrer da decisão, mas a juíza Andrea Ferreira Bispo negou a possibilidade de recurso em liberdade. As informações são da CNN.
O caso envolveu a deputada federal Renilce Nicodemos (MDB-PA), que teria sido alvo de ameaças, xingamentos e incitação ao crime nas redes sociais e rádios. A sentença traz uma compilação de evidências, como transcrições de transmissões online e prints de conversas. Segundo o Ministério Público, Renilce começou a trabalhar com Wlad quando ele ainda era deputado, e a relação evoluiu para uma amizade próxima, onde ele se tornou até padrinho de casamento dela.
Com a eleição de Renilce em 2018 e a inelegibilidade de Wlad Costa, a dinâmica mudou drasticamente. Ele começou a fazer exigências financeiras, ameaçando realizar uma campanha de difamação caso ela não atendesse às suas demandas. A Polícia Federal, após investigação, descobriu que Wladimir Costa chegou a fazer música difamatória, espalhou faixas pelas ruas de Belém e contratou carro de som para proferir insultos contra Renilce Nicodemos.
Em lives na internet, o ex-parlamentar inclusive incentivava seus seguidores a atacá-la de maneira violenta, chegando ao ponto de sugerir apedrejamento. A decisão judicial também inclui a exclusão de todas as postagens ofensivas nas redes sociais, o que inclui as transmissões e mensagens ameaçadoras.
Casos de Violência Política
Esta condenação é particularmente significativa, pois destaca o rigor da Justiça Eleitoral em casos de violência política. Três anos após a publicação da Lei 14.192/21, que criminaliza a violência política de gênero, esta é apenas a terceira sentença condenatória no Brasil desse tipo. Essa lei é crucial para proteger as vítimas e garantir que violência política de gênero não seja tolerada em nossa sociedade.
O Relatório Monitor da Violência Política de Gênero e Raça, lançado pelo Observatório Nacional da Mulher da Política da Câmara dos Deputados, revelou que, entre 2021 e 2023, uma em cada quatro representações de violência política de gênero foi arquivada ou encerrada. Este dado sublinha a importância de casos como o de Wladimir Costa, que representam um avanço na aplicação rigorosa da legislação.
Wladimir Costa, famoso por sua tatuagem com o nome do ex-presidente Michel Temer, teve seu mandato cassado em 2017 e foi preso em abril de 2024. A Polícia Federal o prendeu ao desembarcar no Aeroporto Internacional de Belém, logo após as investigações confirmarem sua prática contínua de crimes eleitorais e violência política.
Essa condenação não só serve como um exemplo de que a impunidade não será tolerada, mas também representa um passo importante para desencorajar futuros atos de violência política. O trabalho não termina aqui; é fundamental que a sociedade permaneça vigilante e informe as autoridades sobre quaisquer atos de perseguição e violência contra figuras políticas femininas.