Avião que caiu em Vinhedo — Foto: Reprodução/TV Globo
Na sexta-feira, 6 de setembro de 2024, o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) divulgou um relatório preliminar sobre o acidente com o avião da Voepass que ocorreu no mês passado em Vinhedo, São Paulo. O trágico episódio resultou na morte de 62 pessoas e gerou questionamentos sobre as possíveis causas da queda.
Os pilotos da aeronave relataram, logo no início do voo, um problema no sistema antigelo, o que poderia ter influenciado no desempenho do avião. Dois minutos antes do acidente, o copiloto ainda mencionou a presença de “bastante gelo” no local, segundo as investigações iniciais do Cenipa.
Como o sistema de antigelo pode ter contribuído para o acidente
O Cenipa especificou que uma das principais hipóteses para o acidente envolve a formação de gelo severo na aeronave. De acordo com o brigadeiro Marcelo Moreno, chefe da Seção de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos, uma fala extraída do cockpit indicava que havia uma falha no sistema de De-icing. Contudo, ainda não há confirmação dos dados do Flight Data Recorder (FDR).
O que acontece quando o sistema de antigelo falha
Durante a coletiva de imprensa, o tenente-coronel Paulo Mendes Fróes explicou que os tripulantes notaram um problema no sistema de boot das asas, crucial para quebrar o gelo acumulado. Esse mal funcionamento foi registrado pelos gravadores de voo em duas ocasiões, incluindo a menção alarmante do copiloto sobre a quantidade de gelo apenas dois minutos antes do acidente.
Falha humana ou falha técnica?
O Cenipa também investiga outros fatores, como elementos humanos e operacionais que podem ter contribuído para a tragédia. O órgão revelou que o sistema de degelo foi acionado várias vezes durante o voo, mas a aeronave voou por seis minutos com aviso de gelo sem que o sistema fosse ligado.
- A aeronave possuía licenças e registros de manutenção atualizados.
- Os pilotos estavam aptos e tinham treinamento específico para voos em condições de gelo.
- A formação de gelo severo na rota era prevista e informada previamente.
A aeronave estava realmente apta para voar?
Em resposta ao relatório preliminar, a Voepass confirmou que a aeronave estava com a documentação em ordem e a tripulação tinha as certificações necessárias. Embora os registros de manutenção estivessem atualizados, ainda não se sabe se as manutenções foram feitas com a qualidade necessária, um ponto que segue em análise.
Além disso, a certa altura, a aeronave voava sem o “Pack número 1”, um componente do sistema pneumático responsável pela pressurização e climatização da cabine. Essa condição exigia que o voo fosse realizado a uma altitude menor e com cálculos específicos de combustível, medidas que foram seguidas pela tripulação.
Próximos passos da investigação
Segundo o Cenipa, o relatório preliminar tem como objetivo identificar fatores que possam ter contribuído para o acidente e sugerir medidas de segurança. A investigação ainda está em andamento, e novas informações poderão surgir à medida que mais dados forem analisados.
- Analise de dados adicionais do FDR e CVR.
- Verificação da qualidade das manutenções registradas.
- Colaboração com a Polícia Federal para alinhamento de informações técnicas e criminais.
A Voepass declarou que continuará colaborando com as investigações e prestando apoio às famílias das vítimas. A prioridade, segundo a empresa, é garantir a segurança dos passageiros e da tripulação.
A queda da aeronave ATR 72-500, que fazia o voo 2283 entre Cascavel (PR) e Guarulhos (SP), ainda demanda um aprofundamento nas investigações para que suas causas sejam completamente esclarecidas.