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Uma pesquisa recente divulgada pela Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz revelou dados alarmantes sobre a saúde mental dos adolescentes brasileiros. Entre 2000 e 2022, a taxa de suicídio entre jovens de 10 a 19 anos aumentou significativamente, chamando a atenção para a urgência de medidas adequadas para enfrentar essa crise.
O estudo, intitulado “Adolescência e Suicídio: um Problema de Saúde Pública”, foi realizado por Raphael Mendonça Guimarães, Nilson do Rosário Costa e Marcelo Rasga Moreira, utilizando dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM/SUS). Em 2022, a taxa de suicídio entre adolescentes foi 53,6 vezes maior do que em 2000, mostrando um crescimento contínuo desde 2019.
Qual o Impacto da Pandemia na Saúde Mental dos Jovens?
A pandemia de Covid-19 trouxe desafios adicionais que contribuíram para a deterioração da saúde mental dos adolescentes. De acordo com Raphael Guimarães, as incertezas quanto ao futuro e a intensificação de problemas como a crise climática e a instabilidade econômica têm tido impactos negativos sobre os jovens.
“O crescimento das taxas de suicídio entre adolescentes é alarmante e demanda uma resposta urgente das políticas públicas”, afirma Guimarães. Apesar de as taxas gerais ainda serem mais altas entre adultos, o aumento mais rápido entre adolescentes indica uma tendência preocupante.
Estatísticas Relevantes sobre o Aumento do Suicídio
Os dados mostram um aumento de 6% ao ano na taxa de suicídio entre jovens de 10 a 25 anos entre 2011 e 2022, quase o dobro da taxa de crescimento na população geral, que foi de 3,7%. Além disso, os atendimentos por automutilação aumentaram 1925% em 2023 em comparação com 2014 para a faixa etária de 7 a 19 anos.
Como os Pais Podem Ajudar seus Filhos?
Antônio Geraldo, presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria, aponta que é vital tratar as doenças mentais com seriedade equivalendo as doenças físicas. Ele acrescenta que os pais devem observar mudanças de comportamento como o isolamento social e a falta de interesse em atividades previamente prazerosas.
Gabriela Crenzel, membro do Grupo de Trabalho de Saúde Mental da Sociedade Brasileira de Pediatria, recomenda que os pais promovam um ambiente de diálogo aberto e momentos de qualidade em família. “Conversar sobre saúde mental não aumenta o risco de suicídio; pelo contrário, pode ser benéfico”, destaca Crenzel.
Recursos e Apoio para Superar a Crise
Crenzel também ressalta que as famílias frequentemente precisam buscar apoio externo, como ajuda escolar e serviços de saúde mental, quando enfrentam dificuldades sozinhos.
- Sinais de Alerta: Mudanças significativas como isolamento, queda no desempenho escolar e apatia não devem ser ignoradas.
- Uso de Tecnologia: Luci Pfeiffer, presidente do Departamento Científico de Prevenção da SBP, recomenda que crianças até dois anos não tenham contato com telas. Para os mais velhos, o uso deve ser limitado a uma ou duas horas por dia sob supervisão.
Onde Procurar Ajuda?
Se você ou alguém que você conhece precisa de apoio, o CVV (Centro de Valorização à Vida) oferece atendimento gratuito pelo número 188, disponível 24 horas por dia. Outro recurso é a plataforma “Pode Falar” da Unicef, voltada para jovens de 13 a 24 anos lidarem com questões de saúde mental. A rede pública também dispõe de Centros de Atenção Psicossocial (Caps) e Unidades Básicas de Saúde (UBS) para iniciar o atendimento psicológico.
Conteúdo Sensível: Esta notícia aborda temas de suicídio e saúde mental. Se você ou alguém que você conhece está passando por dificuldades, busque ajuda.