Giselle Itié, conhecida atriz brasileira, recentemente utilizou uma plataforma íntima e poderosa para compartilhar uma das experiências mais dolorosas de sua vida. Durante a estreia do podcast “Exaustas”, que comanda ao lado de Samara Felippo e Caroline Figueiredo, Giselle abriu seu coração e relatou o trauma que carrega desde sua adolescência, quando foi vítima de abuso sexual.
Com lágrimas nos olhos e a voz embargada, Giselle detalhou como foi ter seu corpo objetificado e abusado enquanto ainda era virgem, uma experiência que deixou marcas profundas e cicatrizes emocionais que ela luta para superar até hoje. Vamos entender mais sobre esse relato tocante e as reflexões que ele traz.
Na abertura de seu desabafo, Giselle Itié refletiu sobre como sua vida mudou quando seu corpo começou a se desenvolver na adolescência. Segundo ela, a transformação física a fez sair do estereótipo de “criança desengonçada” para ser objeto de olhares e comportamentos indesejados por parte de meninos e homens.
“Sempre fui uma criança que não cabia na caixinha do padrão de beleza posta pela sociedade. Era desengonçada, usava aparelho, não era vista como uma criança bonita. Não mesmo. Só que quando comecei a entrar na adolescência, meu corpo se transformou, e muito. Minha vida se transformou”, explicou Giselle, enquanto deixava as lágrimas rolarem.
Como a Objetificação Afeta a Vida de uma Adolescente?
Giselle revelou que, com a puberdade, veio também um tratamento nojento e invasivo por parte dos meninos e homens ao seu redor. Ela descreveu como começou a sentir que seu corpo não pertencia mais a ela mesma, mas se tornou um “espaço público” invadido por olhares e toques indesejados.
“A forma como meninos e homens me olhavam e me tratavam era nojento. Foi nesse momento que eu comecei a entender que meu corpo não era mais meu, era um espaço público invadido por olhares, toques, mãozadas e por aí vai”, disse a atriz, ao detalhar os desafios de viver com essa realidade.
O Pesadelo Repetitivo e o Trauma Noturno
Uma das consequências mais severas desse abuso foi a insônia e os pesadelos recorrentes que Giselle passou a ter. Ela compartilhou que dormia com dificuldade, com medo de ser apanhada por homens em seus sonhos, o que exacerbava o terror que vivia diariamente.
“Desde menina, eu comecei a ter um pesadelo recorrente, que foi até os meus 18 anos, eu no meio de uma floresta à noite e sempre fugindo de um homem, de dois, de três. Homens que eu conhecia, da família. Muitas vezes, eu não dormia porque tinha medo de ser pega no meu sonho”, revelou Giselle, explicando a dimensão do seu trauma.
O Estupro e as Consequências Psicológicas
Um dos momentos mais chocantes de seu relato foi quando Giselle Itié revelou ter perdido a virgindade aos 17 anos de idade em um estupro. Esse evento foi um divisor de águas em sua vida, levando-a a uma espiral de auto-punição e problemas de saúde mental.
“Com 17 anos de idade, eu perdi minha virgindade em um estupro. Foi nesse momento que eu me perdi de vez e compreendi o quanto eu era oca. Eu só fazia me castigar como se eu fosse culpada.”, confessou a atriz, descrevendo a depressão profunda, bulimia, anorexia nervosa e auto-mutilação que viveu.
Giselle Itié finalizou seu desabafo destacando o quanto o silêncio em relação ao abuso pode ser sufocante. Ela relatou que, não conseguindo expressar sua dor, seu corpo começou a “gritar” por socorro através de uma série de problemas físicos e emocionais.
“Foi no silêncio que meu corpo gritava e pedia socorro. Passei a ter uma depressão profunda, bulimia, anorexia nervosa, eu me cortava e tudo o que eu queria era desaparecer de vez”, desabafou.