Na tarde da última sexta-feira, 9 de agosto de 2024, um avião modelo ATR-72 da companhia aérea VoePass caiu em Vinhedo, São Paulo. De acordo com um documento obtido pelo jornal O Globo, a aeronave possuía diversos problemas com “ação corretiva retardada”, ou seja, reparos pendentes. Embora muitos desses itens fossem triviais, como cortinas rasgadas e assentos quebrados, quatro deles poderiam de fato interferir na operação segura da aeronave.
Entre as pendências encontradas, destaca-se um defeito no painel de navegação, mais especificamente no EHSI (Indicador Eletrônico de Situação Horizontal). Este dispositivo auxilia os pilotos na visualização de múltiplos dados de navegação em um único visor. Mesmo não sendo indispensável para o voo, ele facilita a leitura de informações cruciais durante situações críticas.
Afinal, o Que é o EHSI e Qual a Sua Importância?
O EHSI tem um papel fundamental no painel de navegação de muitas aeronaves. Resumindo informações de bússola, GPS, radar e outros dados essenciais, ele permite que os pilotos não precisem alternar entre múltiplos indicadores. Ainda que um avião possa operar sem ele, sua ausência pode aumentar consideravelmente a carga de trabalho do piloto, especialmente em situações onde muitos dados precisam ser consultados ao mesmo tempo.
Agências de segurança aérea exigem o uso do EHSI em determinadas categorias de aeronave e tipos de rota. No entanto, as informações fornecidas até agora pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) não são conclusivas quanto ao papel deste defeito específico no acidente ocorrido.
Que Outros Problemas a Aeronave Apresentava?
Além do defeito no EHSI, a inspeção revelou outros três problemas considerados menores, mas que poderiam influenciar na operação segura da aeronave:
- Uma luz de alerta na ignição do motor que acendia intermitentemente.
- Um dos freios de rodas para aterrissagem e taxiamento estava inoperante (lembrando que o modelo possui seis freios de roda).
- O limpador de para-brisa do lado do copiloto estava quebrado.
Também foram relatados dois assentos de passageiro com problemas na fivela do cinto de segurança. Outros itens triviais incluíam rasgos no carpete, defeitos no ar-condicionado, e a ausência de um porta-copos no assento do piloto, que não afetam diretamente a operação ou a segurança da aeronave.
Como a VoePass Respondeu a Estas Revelações?
Em comunicado à imprensa, a VoePass confirmou a existência de alguns problemas listados no relatório de inspeção, mas assegurou que a aeronave estava dentro dos padrões exigidos para a decolagem. Eles afirmaram:
“Em relação ao acidente ocorrido na tarde desta sexta-feira, 9 de agosto de 2024, com o voo 2283, na região de Vinhedo-SP, a VoePass reitera que a aeronave estava aeronavegável, com todos os sistemas requeridos em funcionamento, cumprindo com todos os requisitos e exigências estipulados pelas autoridades e legislação setorial vigente.”
A empresa informa que está colaborando com as investigações e ressalta a busca pelo acolhimento das famílias das vítimas, oferecendo transporte, hospedagem e apoio emocional.
Até o momento, não se sabe se o problema do EHSI teve interferência direta no acidente. Artigos técnicos indicam que o dispositivo facilita a leitura de dados em situações críticas, mas a investigação ainda está em andamento. Informações adicionais serão divulgadas pelo Cenipa conforme o avanço das investigações.
O incidente trouxe à tona a importância da manutenção preventiva e da exigência de cumprimentos rigorosos em relação aos padrões de segurança aeronáutica. A VoePass, por sua vez, afirmou seu compromisso em colaborar com as autoridades para solucionar o caso e minimizar o impacto sobre as famílias envolvidas.