foto: PF
A Polícia Federal (PF) realizou uma operação de busca e apreensão na residência e no gabinete do governador do Tocantins, Wanderlei Barbosa. Durante a operação, foram apreendidos R$ 35,5 mil, 80 euros e US$ 1,1 mil na casa do governador. No gabinete, os agentes encontraram mais R$ 32,2 mil e diversos boletos de contas pagas em lotéricas.
A decisão para a operação foi autorizada pelo ministro Mauro Campbell, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que determinou a apreensão de valores em espécie superiores a R$ 10 mil sem comprovação de origem lícita nos endereços de execução da busca domiciliar.
Operação Fames-19: Dinheiro Apreendido
Segundo a investigação da PF, Wanderlei Barbosa está envolvido em um esquema de desvio de recursos públicos. O governador faz parte do núcleo político do suposto esquema, que teria ocorrido principalmente durante a fase aguda da pandemia de COVID-19.
Os investigadores apontam que, sob a condição de governador, Barbosa teria concorrido para o desvio de grandes somas por meio do fornecimento de cestas básicas de existência meramente formal. Esse esquema teria se beneficiado da facilidade de desvio de recursos públicos por meio de tais prestações estaduais.
Como a PF Descobriu o Esquema?
De acordo com a decisão que autorizou a operação, a PF identificou que o foco da assistência social do Estado no fornecimento de cestas básicas facilitava o desvio de dinheiro público. A dificuldade em controlar e atestar o recebimento dos produtos, destinados ao consumo imediato da população, tornava essa iniciativa um meio perfeito para a consecução do esquema.
- Em janeiro de 2024, a PF iniciou a investigação sobre o desvio de recursos.
- Encontraram depósitos suspeitos na conta pessoal do governador, totalizando R$ 5.000,00.
- Os filhos do governador também receberam repasses de um empresário envolvido no esquema.
Segundo os investigadores, tudo indica que esses pagamentos não tinham causa legítima, representando vantagens indevidas documentadas pelos próprios investigados.
Quem Foram os Alvos da Operação?
A operação atingiu não apenas o governador Wanderlei Barbosa, mas também a primeira-dama Karynne Sotero, que é secretária extraordinária de Participações Sociais, e seus filhos. Outros alvos incluíram o deputado estadual Léo Barbosa (Republicanos) e Rérison Castro, superintendente do Sebrae Tocantins.
- A primeira-dama foi alvo de busca e apreensão, apesar de não estar diretamente envolvida no processo investigatório.
- O deputado Léo Barbosa prestou todos os esclarecimentos necessários e afirmou estar colaborando com as investigações.
- Rérison Castro, superintendente do Sebrae, afirmou que não tinha qualquer relação com a aquisição ou distribuição de cestas básicas.
Segundo a PF, o esquema envolvia um estado de emergência em saúde pública e assistência social, o que permitiu a contratação de grupos de empresas previamente selecionadas para fornecer cestas básicas.
Declarações dos Envolvidos
Wanderlei Barbosa afirmou que recebeu a operação com surpresa e tranquilidade, visto que na época dos fatos era vice-governador. O governador declarou estar à disposição para colaborar com as investigações e confiante na sua inocência.
Léo Barbosa, filho do governador, afirmou que o consórcio informal de R$ 5.000,00 do qual fazia parte gerou um embaraço jurídico inesperado. Ele se diz confiante na Justiça e na prova de sua inocência no decorrer do processo.
Karynne Sotero, a primeira-dama, disse que foi surpreendida com a notícia de que era alvo de busca e apreensão, destacando que não faz parte do processo investigatório. Ela não ocupava o cargo de primeira-dama na época dos fatos investigados.
Por fim, Rérison Castro afirmou que, como ex-presidente da Agência Estadual de Metrologia, não teve qualquer relação com o caso e está à disposição para prestar esclarecimentos, confiante de que a verdade prevalecerá.
O Governo do Estado de Tocantins e o Sebrae também emitiram notas informando sua disposição em colaborar com a PF para esclarecer os fatos investigados.