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Nessa sexta-feira (9), um incidente preocupante aconteceu com um avião A320 ao sobrevoar a região de Vinhedo, onde recentemente um avião da Voepass caiu, resultando em 61 vítimas fatais. O piloto do A320 relatou a formação de gelo severo na janela lateral da cabine, um fenômeno raro que foi imediatamente comunicado ao controle de tráfego aéreo.
O piloto, que tem 16 anos de carreira na aviação, compartilhou seu desconforto e preocupação ao lembrar da situação. “Estou me sentindo mal, até chorei em casa aqui agora, lembrando que eu reportei para o controle. Fiz minha função, avisei o controle: ‘ó, formação de gelo severo. Fica a informação, passa para os colegas'”, declarou ao G1.
O que é a formação de gelo em aeronaves
A formação de gelo é um fenômeno que pode ocorrer principalmente em altitudes intermediárias, especialmente durante condições climáticas adversas como frentes frias. Em termos simples, o gelo pode se formar nas asas e em outras partes do avião, reduzindo a sustentação e, em casos extremos, levando a uma perda de controle da aeronave.
Como a formação de gelo pode afetar o voo
Segundo Laert Gouvêa, diretor do Instituto Brasileiro de Segurança na Aviação, a perda de sustentação das asas, conhecida como “estol”, é a principal hipótese para explicar a queda do avião da Voepass. O fenômeno do “parafuso chato” visto nas imagens do acidente reforça essa teoria, indicando que a aeronave pode ter entrado em queda livre devido à perda de sustentação.
O especialista também destacou que a formação de gelo pode ocorrer a uma altura entre 14 mil e 24 mil pés. No caso do voo da Voepass, o gelo teria se grudado nas asas e hélices, comprometendo sua performance. “Já houve outros acidentes por causa de gelo com esse modelo de avião. Esse tipo de avião voa num nível mais propenso à formação de gelo”, afirmou Gouvêa.
Sistemas de degelo são suficientes?
Mesmo com sistemas de degelo integrados, alguns aviões podem enfrentar dificuldades para lidar com formações de gelo extremamente severas. Gouvêa explicou que, em muitos casos, o piloto pode precisar alterar a altitude do voo para evitar acúmulo de gelo. “Era um dia atípico com muita formação de gelo em função dessa frente fria de inverno, que é pior”, disse o especialista.
- Sistemas de degelo podem não ser eficazes em todas as situações.
- Alterar a altitude de voo é uma das estratégias para evitar gelo.
- Frentes frias aumentam a probabilidade de formação de gelo.
Próximas etapas da investigação
De acordo com o brigadeiro do ar Marcelo Moreno, chefe do Cenipa, ainda é prematuro tirar conclusões sobre o que causou a queda da aeronave da Voepass. As duas caixas-pretas foram recuperadas e serão enviadas a Brasília para análise. Segundo Moreno, um dos dispositivos grava conversas na cabine de comando, enquanto o outro registra dados técnicos da aeronave.
Além disso, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e a Força Aérea Brasileira (FAB) estão trabalhando juntas na coleta de informações. O coronel-aviador Carlos Henrique Baldin afirmou que aeronaves como a que caiu são certificadas para voar em condições adversas e possuem sistemas para lidar com a formação de gelo.
- Recuperação e análise das caixas-pretas.
- Coleta de mais dados ambientais e técnicos.
- Revisão dos procedimentos e sistemas de degelo.
Alerta para a comunidade de aviação
A comunidade de aviação está em estado de alerta após esses incidentes, reforçando a importância de monitorar rigorosamente as condições climáticas e de gelo durante os voos. Segundo Lito Sousa, consultor em segurança aérea, o gelo nas asas pode ser mitigado com manobras específicas, caso os sistemas de degelo falhem. “O piloto tem que tomar algumas atitudes, como descer o avião em alta velocidade para aumentar a temperatura do ar nas camadas mais baixas e fazer o gelo sair da asa”, explicou.
A espera pela conclusão das investigações é essencial para entender completamente o que causou o acidente trágico e evitar futuras ocorrências semelhantes. A Polícia Federal também está envolvida na investigação para determinar eventuais responsabilidades criminais, enviando especialistas a Vinhedo para auxiliar nas apurações.
Enquanto isso, a mensagem de prudência e cautela é reforçada entre os pilotos e autoridades de aviação, sublinhando a complexidade e os desafios das operações aéreas em condições meteorológicas adversas.